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600 mil litros de leite serão descartados por adulteração

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Brasília (BDCi) — O Ministério da Agricultura informou na tarde desta quarta (8) que 600 mil litros de leite devem ser descartados devido à adulteração realizada por empresas transportadoras, que adicionavam água e uréia para aumentar a quantidade do produto.

Nesta manhã, o Ministério Público do Rio Grande do Sul deflagrou operação para combater a adulteração de leite no estado. A ação do MP, realizada em parceria com a Receita Estadual, Polícia Civil e Polícia Militar, já prendeu 8 pessoas.

Segundo o órgão, a fraude acontecia no transporte entre o produtor e a indústria. De acordo com a investigação, suspeitos de cinco transportadoras compraram 98 toneladas de ureia, quantidade suficiente para adulterar 100 milhões de litros de leite em um ano.

Parte do leite adulterado está disponível no mercado, mas segundo o ministério, seu consumo não apresenta riscos à saúde. A mistura de água e ureia servia para aumentar o rendimento.

Segundo o assessor da Coordenação Geral de Inspeção do Ministério da Agricultura, Alexandre Campos, as indústrias responsáveis pela comercialização do leite podem ser punidas por falta de rigor na análise do leite recebido dos produtores.

Além da punição penal, a cargo da Justiça, o ministério pode aplicar multas, cujo valor máximo, por lote irregular, é de cerca de R$ 15,6 mil. Com isso, os oito lotes fraudados podem obrigar essas empresas a pagar mais de R$ 125 mil. O valor pode aumentar se forem encontrados mais lotes com leite adulterado.

Risco e lucro
De acordo com a diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura, Judi Nóbrega, a quantidade de formol encontrada nos produtos contaminados não representa grandes riscos à saúde do consumidor.

“Em termos de risco à saúde pelo formol, que é o componente mais agressivo da fórmula, ele é ínfimo. O risco é mínimo, insignificante. Mas é um crime e se você tem indivíduos com a capacidade de utilizar ureia agrícola numa fraude de leite, já demonstra que é uma situação absurda”, avaliou a diretora.

Para Judi Nóbrega, os responsáveis pela fraude agiram de forma “articulada” para maximizar o lucro de forma ilegal. “É crime organizado, porque pelo trabalho que foi feito de investigação você consegue identificar uma quadrilha articulada, com o único objetivo de lucro ilícito”, afirmou.

Após a identificação da fraude, o Ministério da Agricultura decidiu intensificar a fiscalização no Rio Grande do Sul e em outros estados do país. “Inclusive foram denunciadas ações em Santa Catarina”, pontuou a diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do ministério.

Adulteração
As investigações apontam para adição de ureia agrícola com formaldeído, acrescido no leite cru por fazer parte da composição do produto. A adulteração tinha como objetivo aumentar o volume com água e tentar manter os padrões do leite. A Superintendência Federal de Agricultura no RS concluiu que a fraude não ocorria nas indústrias, mas nos transportadores, que só podem ser fiscalizados quando estão nas indústrias ou nos postos de resfriamento de leite.

De acordo com nota do Ministério da Agricultura, alguns transportadores atuam de forma independente e negociam o volume e o preço do leite entre os produtores e as indústrias. A remuneração ocorre por volume e não por quilômetro rodado.  A investigação mostra que as indústrias não sabiam da fraude. No entanto, segundo o MP, teriam falhado ao não detectar o esquema no controle de qualidade.

A orientação dos promotores é que os consumidores deixem de beber o leite de lotes específicos de fabricação. O Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindlat) emitiu nota em que condena a adulteração e relata que acompanha a investigação desde o início. “Todos os lotes identificados com problema foram retirados do mercado e não se encontram mais à disposição do consumidor. Os estoques disponíveis no varejo estão aptos para o consumo humano”, afirma a nota.

Confira os lotes adulterados, segundo o Ministério Público: Leite Líder – UHT Integral SIF 4182 – Fabricação: 17/12/12

Lote: TAP 1 MB

Leite Italac – UHT Integral Goiás Minas – SIF 1369 Fabricação: 30/10/12 – Lote: L05 KM3 Fabricação: 5/11/12 – Lote: L13 KM3 Fabricação: 7/11/12 – Lote: L18 KM3 Fabricação: 8/11/12 – Lote: L22 KM4

Fabricação: 9/11/12 – Lote: L23 KM1

Leite Italac – UHT semidesnatado Goiás Minas – SIF 1369

Fabricação: 5/11/12 – Lote: L12 KM1

Leite Mumu – UHT Integral Vonpar – SIF 1792 Fabricação: 18/01/13

Lote: 3 ARC

Leite Latvida – UHT Desnatado VRS – Latvida – CISPOA 661 Fabricação: 16/2/2013 Validade: 16/6/2013

O MP não divulgou o número do lote

O que dizem as empresas Mu-Mu

Em nota, a empresa afirmou que “atende a todos os requisitos e protocolos de testes de matéria prima exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”. No texto constam outros esclarecimentos: “A investigação do Ministério Público está concentrada no transporte entre o produtor leiteiro e os postos de resfriamento, onde o produto fica armazenado antes da entrada em nossa fábrica. A empresa permanece à disposição do MP e MAPA, no que for solicitado”. A Mu-Mu também informa aos consumidores que tenham produtos do lote citado ou que tenham dúvidas entrem em contato com o SAC, pelo número 0800 51 7542, de segunda a sexta, das 7h30 às 18h30 e, aos sábados, das 7h30 às 13h30.

Latvida
Em contato com o G1 por telefone, a empresa Latvida informou que está operando normalmente. Segundo a assessoria de comunicação, a ação é direcionada exclusivamente aos transportadores do leite no estado. Em relação a esse aspecto, a marca disse que “está sendo eficiente até o momento”.  A Latvida ainda afirmou que o problema ocorreu no lote 196 do leite UHT desnatado e que todos os outros estão liberados para o consumo. “Estamos vendo essa ação do MP com naturalidade. Nossos laboratórios funcionam 24 horas por dia e temos um laboratório móvel que percorre as regiões dos 1,6 mil produtores que temos no estado”, disse o assessor de comunicação da empresa, Paulo Pereira.

Italac
Em e-mail enviado no início da tarde, a Italac informou que “o problema foi pontual, ocorrido no Rio Grande do Sul, e aconteceu no transporte do leite cru, entre a fazenda e o laticínio, antes de ser industrializado”. Ainda segundo a nota, “os lotes identificados com problema foram retirados do mercado e não se encontram mais à disposição do consumidor. Todo o leite Italac encontra-se em perfeitas condições de consumo com total segurança e qualidade”.

Líder
A empresa diz ter retirado do mercado ainda em fevereiro deste ano o lote não recomendado para o consumo, “tão logo a companhia tomou conhecimento da possibilidade de existir um problema de qualidade”. A nota diz que cinco transportadoras de leite cru foram descredenciadas e um dos postos de resfriamento no estado foi fechado “por causa da ação de fraudadores”. “Além disso, a Líder faz dupla checagem, nos postos de resfriamento e na fábrica, e desde janeiro não detectou nenhuma adulteração no leite destinado à produção. O leite Líder disponível no mercado está apto, portanto, para ser consumido com segurança”, diz a empresa.

Do G1, em Brasília

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