Fabricio Werdum é um lutador predestinado. Campeão mundial de jiu-jítsu, campeão do ADCC e único homem na história a ter finalizado os mitos Fedor Emelianenko e Rodrigo Minotauro. A única glória que resta para o gaúcho de 37 anos, 1,93m e 105kg conquistar é o cinturão da maior organização de MMA do mundo. E seu obstáculo não é tão simples de ser retirado do caminho. O neozelandês Mark Hunt, de 40 anos, 1,77m e 120kg, já viveu de tudo como lutador de MMA. Foi campeão do K-1, ídolo do Pride, esteve no fundo do poço, com seis derrotas seguidas – sendo uma delas em sua estreia no UFC – reergueu-se com quatro vitórias consecutivas, e ganhou a chance de substituir um lesionado Cain Velásquez e ficar a um triunfo de coroar uma carreira rica em experiências com um cinturão do UFC no histórico primeiro evento da organização no México, o UFC 180.
Favorito do público mexicano após a saída de Cain Velásquez da luta, por conta de uma séria lesão no joelho, Fabricio Werdum conquistou o público local com sua simpatia, domínio da língua espanhola (é comentarista do UFC na América Latina) e até com a música escolhida para entrar rumo ao octógono: a tradicional “Cielito lindo”, ou “Ceuzinho lindo”. Decidido a preparar-se como nunca para a disputa do cinturão do UFC, o lutador internou-se por dois meses na pequena cidade de Jiquipilco, a 4000m de altitude, contratou um preparador físico especialista em treinos na altitude, contou com o apoio do treinador Rafael Cordeiro, do ex-lutador Renato Babalu e do irmão, Felipe Werdum, que deixaram suas vidas de lado para ajudá-lo a realizar o sonho do título mundial. Interino? Werdum não se importa.
– O que eu quero é o cinturão. Foi para ele que eu direcionei a minha vida inteira nesses últimos meses, abrindo mão de ver a minha filha de oito meses dar os primeiros passos, do convívio com a minha esposa e os meus amigos. Me sacrifiquei muito, sofri, e tive o apoio de pessoas muito importantes para conseguir chegar a essa luta preparado e tranquilo. Vou ganhar porque sei que fiz o que era preciso. Não interessa se é o cinturão interino ou não. É o cinturão de campeão. É ele que eu quero e é ele que eu vou conquistar – disse Werdum.
Mark Hunt, por sua vez, não teve tanto tempo para treinar. Avisado com cerca de três semanas de antecedência que substituiria Velásquez na disputa do cinturão interino dos pesados do UFC, o neozelandês teve apenas uma preocupação: bater o peso. Em férias com sua família na Austrália, onde mora, Hunt teve que perder cerca de 20kg em pouco mais de 20 dias. O lutador admite que, para disputar um cinturão, o desafio foi válido.
– Eu estava em férias em casa e recebi um telefonema do UFC me convidando para substituir Velásquez. Antes de pensar eu disse que aceitava. De uma hora para outra eu estava voltando à dieta e a intensificar os treinos para enfrentar Fabricio Werdum no México. Foi duro, mas eu estou nesse negócio há muito tempo e sei o que tenho que fazer. Minha cabeça é inabalável. Estou pronto para a luta e nada do que Werdum faça para me desconcentrar dadrá resultado. Vou fazer o que sei: nocautear. Não há ser humano no mundo que eu não consiga nocautear, e Werdum não é diferente. Quero o cinturão para coroar a minha carreira – disse Hunt.
Duelos importantes nos meio-médios e nos penas
As duas lutas que antecedem a disputa do cinturão também prometem empolgar quem estiver presente na Arena Ciudad de México. Pelos pesos-penas, os americanos de origem latina Ricardo Lamas e Denis Bermudez prometem um duelo empolgante. Bermudez vem de sete vitórias seguidas e, se vencer Lamas, certamente estará em posição privilegiada para ser indicado como o próximo desafiante ao cinturão de José Aldo. Derrotado pelo brasileiro em fevereiro deste ano, Lamas é tido como um dos grandes nomes da categoria e precisa de uma vitória convincente para voltar a trilhar o caminho rumo ao topo da divisão.
Pelos meio-médios, os também americanos Jake Ellenberger e Kelvin Gastelum fazem um duelo interessante. Com estilos semelhantes e donos de um wrestling afiado, os lutadores estão em momentos distintos na carreira. Enquanto Ellenberger tem 37 lutas na carreira (29 vitórias e oito derrotas), Gastelum ainda está invicto, com nove vitórias em nove lutas. Para Ellenberger, um triunfo significaria se recuperar das duas derrotas seguidas, para Rory MacDonald e Robbie Lawler, e voltar a respirar tranquilo, afastando o perigo da demissão. Já Gastelum busca a décima vitória seguida na carreira – e a quinta no UFC, desta vez diante de um adversário que já esteve entre os principais da divisão.
Público animado e decisão do TUF Latin America como aperitivo
Além da disputa do cinturão interino dos pesos-pesados, o UFC 180 reservou aos fãs mexicanos de MMA duas finais do TUF Latin America. Pelos pesos-galos, os mexicanos Alejandro Pérez e José Quiñonez se enfrentam, enquanto pelos pesos-penas, o mexicano Yair Rodríguez e o nicaraguense Leonardo Morales competem pelo sonhado contrato com o UFC e o histórico título de primeiros campeões do TUF latino. Apoiados pelo apaixonado público mexicano, os lutadores da casa mostraram na pesagem que lutar em casa é uma vantagem que eles pretendem usar a seu favor. Além das finais do reality show, a presença do meio-médio mexicano Augusto “Dodger” Montaño, lutadoor nascido e formado no México, é uma das grandes atrações do evento, e um presente aos torcedores, que veem no atleta uma esperança de conquista do cinturão da categoria em pouco tempo.
UFC 180 15 de novembro de 2014, na Cidade do México (MEX) CARD PRINCIPAL Peso-pesado: Fabricio Werdum x Mark Hunt Peso-meio-médio: Jake Ellenberger x Kelvin Gastelum Peso-pena: Ricardo Lamas x Dennis Bermudez Peso-meio-médio: Augusto Montaño x Chris Heatherly Peso-meio-médio: Edgar García x Hector Urbina CARD PRELIMINAR Peso-pena: Yair Rodríguez x Leonardo Morales (Final do TUF Latin America) Peso-galo: Alejandro Pérez x José Quiñonez (Final do TUF Latin America) Peso-galo: Jessica Eye x Leslie Smith Peso-pena: Gabriel Benítez x Humberto Brown Peso-galo: Henry Briones x Guido Cannetti
Peso-galo: Marco Beltrán x Marlon Vera
Fonte: G-1