O vendaval que deixou um rastro de destruição e matou pelo menos duas pessoas em Taquarituba (334 km a sudoeste de SP), por volta das 16h30 deste domingo (22), foi causado por um tornado, segundo a Somar Meteorologia. “Testemunhas e a Defesa Civil relataram que a nuvem chegou a tocar o solo, o que caracteriza o fenômeno”, afirma a meteorologista Tatiane Martins, da Somar.
Os ventos fortes derrubaram a cobertura de um posto de combustíveis, arrancaram árvores e causaram vários acidentes de trânsito. O terminal rodoviário da cidade ficou totalmente destruído. Até os silos de armazenagem de grãos foram danificados. Parte da cidade ficou sem energia elétrica e, na zona industrial, houve vazamento de combustível.
“Nunca vi isso na minha vida, vai ficar marcado na história de Taquarituba, porque a cidade nunca passou por uma coisa dessas”, diz o professor Matheus Miano. A professora Vera Lúcia Taskeveski conta que foi tudo muito rápido. “Foi muito de repente, não deu nem pra entender o que tava acontecendo. Em pouco tempo [o tornado] levou tudo.”
Entre as vítimas está um jovem de 21 anos. Ele estava no ginásio municipal quando a cobertura do local desabou. A outra é o motorista de um ônibus que transportava trabalhadores rurais e tombou com a força dos ventos.
De acordo com a coordenadora municipal da Saúde, Camile Cristine de Oliveira Vaz, 66 pessoas ficaram feridas. Elas foram encaminhados à Santa Casa do município e, alguns casos, foram transferidas para hospitais de cidades próximas, como Itaporanga, Taguaí, Itaí e Avaré. Uma das transferências foi de uma menina de 8 anos, que precisou ser operada na Santa Casa de Avaré por ter fraturas no úmero. O quadro dela é estavel, de acordo com a coordenadora, que afirma ainda não haver nenhuma vítima em estado grave.
A Prefeitura ainda não divulgou informações sobre o número de famílias desabrigadas. A cidade tem cerca de 24 mil habitantes.
Indícios de tornado
Segundo a meteorologista, o rastro de destruição também confirma a ocorrência do fenômeno. “Como não há nenhuma estação meteorológica na região, não é possível aferir qual foi a velocidade dos ventos, temos que trabalhar com estimativas. O que sabemos é que foi um fato isolado, porque nenhuma outra cidade da região foi tão afetada”, diz.
“Os indícios vistos tanto pelo mapa meteorológico quanto pelas fotos e vídeos divulgados na mídia apontam para a ocorrência de tornado na cidade. No entanto, o fenômeno ainda preciso ser avaliado por ser muito raro”, explica Fábio Rocha, meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas (Inpe).
Classificação de um tornado
Segundo Fábio, a ocorrência do fenômeno depende de vários fatores. “A formação do tornado depende de uma condição atmosférica intensa e de nuves de tempestade. Existe uma escala que vai de 1 a 5, sendo 5 o extremo, com a velocidade de 400 km/h, que pode até passar disso. Os registros que temos no Brasil são de tornados de categoria 1, ou seja, não tão intensos. Apesar dos registros, é difícil fazer uma previsão de velocidade pelo fenômeno ser muito rápido e difícil de avaliar, explica Fábio.
Segundo a meteorologista Zildene Pedrosa, do Ipmet, São Paulo recebeu uma frente fria vinda do sul do país, que, em contato com a onda de calor que estava sobre o Estado, provocou muita chuva no sul e sudoeste, atingindo a região de Itapeva, Itapetininga e Taquarituba.
A previsão do tempo para o domingo (22) informava sobre a chegada desta frente fria à região, mas o tornado não era esperado. “Aqui no Brasil não temos aparelhagem para prever esse fenômeno. Se nos EUA, onde isso ocorre com frequência, já há uma certa dificuldade para anteceder a ocorrência de tornados, no Brasil, então, é praticamente impossível”, diz a meteorologista da Somar.
Fonte: G1