BRASÍLIA (BDCI) — Os depósitos na caderneta de poupança superaram as retiradas em R$ 5,95 bilhões em setembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (4) pelo Banco Central. Foi o melhor resultado para o mês desde o início da série histórica do BC, em 1995.
Os números mostram que a redução no rendimento da caderneta de poupança neste ano, resultado da mudanças das regras e dos cortes da Selic não têm afugentado os investidores.
No mês passado, ainda segundo informações do Banco Central, os depósitos na caderneta somaram R$ 93,74 bilhões, enquanto as retiradas foram de R$ 87,79 bilhões. Com o ingresso de R$ 5,95 bilhões na poupança em setembro, o volume total de recursos na caderneta alcançou R$ 473 bilhões, contra R$ 465 bilhões em agosto.
Acumulado do ano e saldo da poupança
No acumulado de janeiro a setembro deste ano, o BC informou que os depósitos na caderneta de poupança superaram as retiradas em R$ 33,18 bilhões. Este é o maior ingresso para os nove primeiros meses do ano de toda a série histórica do banco, que começa em 1995. O recorde anterior havia sido registrado em 2010, de R$ 25,74 bilhões.
De acordo com o BC, no acumulado do ano, a maior parte do dinheiro entrou na caderneta somente após as alterações nas regras de remuneração da poupança, anunciadas pelo governo federal em 3 de maio, com validade a partir do dia seguinte (4 de maio). Do total de R$ 33,18 bilhões de ingresso do primeiro semestre, R$ 27,93 bilhões foram registrados após a mudança.
Novas regras e cortes nos juros
Pelas novas regras definidas pelo governo federal, a poupança passou a ser atrelada aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação, mais a Taxa Referencial (TR).
Esse novo formato de rendimento da poupança foi aplicado, porém, somente quando a taxa básica de juros, definida pelo Banco Central, atingiu 8,5% ao ano – acionando o chamado “gatilho” para a mudança.
Pela regra anterior, que vigorava desde 1991, a poupança não podia render menos de 6,17% ao ano, mais TR. A nova regra vale somente para depósitos feitos de 4 de maio em diante. A modalidade continua isenta do Imposto de Renda e sem a cobrança de taxa de administração.
Atualmente, após nove cortes sucessivos por parte do BC, os juros básicos da economia estão em 7,5% ao ano – o menor valor da série histórica. Com isso, o rendimento da caderneta de poupança passou a ser de 5,25% ao ano mais TR.
Pesquisa Fecomércio-RJ/Ipsos
Pesquisa feita neste ano pela Fecomércio-RJ/Ipsos revelou que entre, os 19% de brasileiros com algum dinheiro guardado, 88% aplicam na caderneta. Em seguida, vêm as opções “guardar o dinheiro em casa” (8%), e “fundo de investimento” (3%).
Para o economista Christian Travassos, da Fecomércio-RJ, a mudança no cálculo da rentabilidade da caderneta de poupança abriu caminho para a redução geral dos juros, o que “realçou as características do tipo de investimento, como liquidez [possibilidade de sacar os recursos a qualquer momento] e a não cobrança de Imposto de Renda”.
“Em um primeiro momento, a poupança mostrou-se mais vantajosa, pois a nova regra só passou a valer quando a taxa básica de juros, a Selic, chegou a 8,5%. Muita gente se antecipou à mudança, para garantir aos seus recursos as regras antigas”, disse o economista.
Por: Ubiratã Farias Fonte: g1.globo.com Foto: realizanegocios.com
Data: 04 de outubro de 2012, 2h45 p.m. PST