De ZH
Os jogos da Copa do Mundo ainda não começaram. Mas os serviços de inteligência das forças policiais já entraram em campo há um bom tempo, montando a estratégia para garantir a segurança no caminho que irão percorrer os 40 mil torcedores argentinos no trecho de 630 quilômetros da BR-290, entre Uruguaiana, na Fronteira Oeste, e Porto Alegre, na Região Metropolitana. Na primeira hora da tarde de 25 de junho, os argentinos enfrentam a Nigéria, no Estádio Beira-Rio. O objetivo é assegurar a vinda e a volta dos torcedores em segurança. As autoridades policiais acreditam que a maioria dos 40 mil argentinos viajará em ônibus de excursão e denominam a BR-290 de “estrada segura”. A estratégia é sugerir aos torcedores que entrarem no território gaúcho por cidades da Fronteira Oeste que usem a BR-290. Durante a semana, deve chegar a Uruguaiana e região um significativo reforço no contingente da Polícia Federal (PF). Sem entrar em detalhes, o superintendente da PF, delegado Sandro Luciano Caron de Moraes, anuncia que os agentes deverão reforçar o serviço de migração e a segurança na região. Ficarão atentos a traficantes (drogas e armas), criminosos internacionais procurados pela Interpol e terroristas. Estão sendo acompanhadas situações que possam representar qualquer tipo de perigo, com a que ocorreu à beira da BR-273, em Itaqui, na fronteira com a Argentina. No final de fevereiro, foram encontradas oito bananas de dinamite conectadas a um celular. No início de março, na mesma região, foi achado um artefato semelhante, com 14 bananas de explosivos. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Itaqui. Os resultados são compartilhados com a PF. A preocupação da Polícia Civil é com as quadrilhas que agem nos municípios próximos à BR-290. Há dois meses, agentes estão passando uma espécie de pente-fino em busca de possíveis quadrilheiros que estejam se organizando para atacar os turistas. — Temos de estar prevenidos para os ataques de oportunidade, geralmente feitos por bandos de fora da região que aproveitam o fluxo de turistas para assaltar. Para lidar com essa possibilidade, estamos fazendo um trabalho de troca de informações com os colegas de outras cidades — informa o inspetor Luiz Pascotin, chefe de investigação da Delegacia da Polícia Civil de São Gabriel. Por ficar no meio do caminho entre Uruguaiana e Porto Alegre, São Gabriel concentra as informações sobre a investigação ao longo da rodovia. Nos próximos dias, a cidade e outras ao redor da BR-290 devem receber reforço. O número de policiais não é informado por questão de segurança, comenta o delegado Mario Wagner, diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI). O policiamento ostensivo As informações dos agentes da PF e da Polícia Civil estão sendo compartilhadas com a inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Brigada Militar (BM), conhecida como P2. Será a avaliação dessas informações que orientará o posicionamento do policiamento ostensivo da PRF e da BM. Uma das preocupações é com as áreas sem cobertura de telefonia celular, principalmente no trecho entre Uruguaiana e Alegrete, informa Rodrigo Cardozo Hoppe, inspetor da PRF e presidente do Comitê Executivo de Grandes Eventos da corporação. — Estamos mapeando os locais na rodovia onde não há cobertura de antenas de celular — acrescenta Hoppe. Ainda não há definição, mas é possível que nesses locais sejam colocados vigias para acompanhar o deslocamento dos torcedores argentinos. Outra medida com a qual a PRF trabalha é a montagem de uma lista de paradouros — locais para refeições e abastecimento — a ser recomendada aos turistas. — São lugares que já têm prática em lidar com os turistas argentinos durante o veraneio — observa Hoppe. Outra possibilidade seria o deslocamento dos torcedores em comboio, diz o coronel da BM Elizeu Vedana, do Comando Regional da Polícia da Fronteira. Durante a semana, Vedana tem programado reuniões com os comandantes das unidades da BM das cidades da Fronteira Oeste. — Temos de nos preocupar com a ida e a volta dos torcedores. Estamos bem articulados com outras forças policiais e acreditamos que tudo irá sair dentro do que estamos planejando — aposta o coronel.