O consumo excessivo de produtos que prometem emagrecimento rápido, como misturas conhecidas como “shakes”, que contêm fibras e visam substituir refeições, além de chás diuréticos, oferece risco à saúde por reduzir o nível de vitaminas e minerais do corpo.
Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que dietas de baixas calorias feitas por conta própria e que usam as misturas não são recomendadas sem o apoio de profissionais de saúde.
O motivo é que a perda de peso pode vir junto a redução do nível de vitaminas, que precisa ser repostas com a ajuda de suplementos. Caso isso não seja feito, é alto o risco de hipovitaminose, doença causada pela falta ou deficiência de vitaminas no organismo.
Nesta segunda-feira (17), o G1 mostrou a história da auxiliar de laboratório Karina Gonçalves, que perdeu temporariamente o movimento das pernas por uma beribéri hipovitaminose causada pela falta de vitamina B1, responsável pelo bom funcionamento do sistema nervoso, músculos e coração.
Médicos afirmaram que a paralisação de estímulos às pernas foi causada após Karina consumir por oito meses “shakes”, chás e remédios para emagrecimento.
Ela disse que não sentia fome por conta dos remédios inibidores de apetite, consumia um pão light com leite no café da manhã e substituía as principais refeições do dia, almoço e jantar, por shakes e chás.
“A forma como foi feita a dieta foi errada. Ela fez sem orientação nutricional, usou o shake de forma inadequada e fez uma dieta desequilibrada”, explicou a médica endocrinologista da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e ex-presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Rosana Radominski.
Organismo desequilibrado
Os produtos chamados de “shakes” possuem um valor energético em torno de 200 kcalorias, adicionados de leite, ricos em carboidratos e proteínas, mas isentos em gorduras.
Segundo a nutricionista Simone Martens, eles têm uma quantidade incompleta de nutrientes e não fornecem toda a energia que o organismo necessita para se manter equilibrado.
“É também perigoso trocar uma das refeições principais por shakes. O quadro se agrava facilmente quando duas principais refeições são substituídas por esses produtos”, disse ela.
Além do risco de insuficiência de vitaminas B1, podem ocorrer hipovitaminoses das vitaminas A, B12, C, D, e de minerais como ferro e zinco. A ausência desses elementos provocam desde problemas de visão e falta de concentração, a raquitismo e anemia.
Corte bruto de calorias oferece risco
Segundo Simone, uma mulher com 1,65 metro de estatura precisa ingerir cerca de 2 mil kcalorias por dia.
Um copo de “shake” tem, em média, entre 100 kcal e 250 kcal. Ao ingerir 2 copos por dia, a pessoa consome até 500 kcal.
Se considerar o consumo de ao menos uma refeição completa no dia – café da manhã, por exemplo – é possível que a pessoa não atinja nem 1.000 kcal/dia.
“A pessoa vai comer metade ou menos ainda do total que deveria ter consumido para manter um peso saudável”, explicou a nutricionista.
Em 2010, a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), testou dez misturas para emagrecimento e concluiu que todas as marcas analisadas não forneciam alimentação balanceada e, por isso, não deviam ser utilizadas sem a orientação de uma nutricionista.
Outro ponto citado é que o valor energético dos produtos era muito baixo para uma refeição.
Segundo a endocrinologista e a médica, para emagrecer com saúde ou continuar magro, não existem soluções mágicas. Elas afirmam que dietas que levam a um emagrecimento rápido são ineficazes a longo prazo e trazem risco à saúde.
Fonte: G1