Gushiken morreu aos 63 anos na noite desta sexta-feira (13) no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O ex-ministro das Comunicações do governo Lula e fazia tratamento contra câncer no estômago desde 2002 e morreu em decorrência da doença.
Por volta das 8h30, chegou ao local o ex-presidente do PT e deputado federal por São Paulo José Genoino. Abatido, o deputado foi o primeiro político a chegar ao velório de Luiz Gushiken. Ele não quis gravar entrevista, mas ao sair, disse para as câmeras: “O silêncio fala por mim”.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também passou pelo velório por volta das 8h50 e disse que o processo do mensalão, que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF),contribuiu para enfraquecer Gushiken.
Mais tarde, o presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, José Américo (PT), também passou pelo local. Ele afirmou que Gushiken era um “militante de grande perspicácia” e uma das “pessoas mais próximas de Lula”. “Uma perda irreparável”, disse.
Para Américo, Gushiken “sofreu com a acusação infundada” no processo do mensalão. “A pessoa que o acusou nunca pediu desculpas”, afirmou.
Por volta das 12h30, o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT-SP), chegou ao cemitério. Ele afirmou que Gushiken foi “um homem muito generoso e de muita garra”. “Uma perda lamentável para o PT e para a militância”, disse.
O deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), o ex-ministro da Justiça e advogado de réus do processo do mensalão Márcio Thomaz Bastos e o deputado João Paulo Cunha, condenado no mensalão, estiverem presentes.
O vice-presidente, Michel Temer, afirmou que lembra de Gushiken de 1985 quando ele era secretario da segurança de São Paulo e o ex-ministro era presidente do Sindicato dos Bancários. “Foi uma greve muito bem organizada e exitosa”.
Quem também foi ao local à tarde foi o ex-ministro José Dirceu. Ele chegou ao velório às 14h30 e estava emocionado. Dirceu afirmou que Gushiken era o “melhor de todos” e que ele “foi o maior injustiçado” entre os acusados do mensalão. Para o ministro, ele morreu feliz. “Ele viu os projetos se realizarem e morreu feliz”.
A presidente Dilma Rousseff era esperada em São Paulo nesta tarde para participar do velório.
O corpo de Gushiken chegou às 7h20 ao cemitério. O filho Guilherme Gushiken, 30, pediu que a imprensa não acompanhe o velório dentro da sala. “Ele lutava contra um câncer havia muito tempo, mas não esperávamos. Passamos a noite em claro, é um momento de muita dor”, disse.
Segundo a assessoria de imprensa do cemitério, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou presença, bem como ministros e deputados. O enterro será às 16h.
Gushiken foi ministro da Secretaria de Comunicação do governo Luiz Inácio Lula da Silva Lula. Ele exerceu três mandatos de deputado federal pelo PT (1987-1990, 1991-1994 e 1995-1999).
Durante o período de internação, recebeu no hospital visitas de integrantes do PT, entre os quais Lula, o presidente do partido, Rui Falcão, o senador Eduardo Suplicy, deputados e dirigentes sindicais.
Bancário, Gushiken foi fundador e dirigente do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Exerceu a coordenação de campanhas presidenciais de Lula e, no ano passado, foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por falta de provas, da acusação de crime de peculato no julgamento do mensalão. A absolvição de Gushiken foi pedida pelo então procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
O ex-ministro foi acusado de peculato (delito cometido por servidor contra a administração pública) após depoimento de Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing e Comunicação do Banco do Brasil, que disse ter agido a mando de Gushiken no esquema que teria desviado, entre 2003 e 2004, R$ 73,8 milhões do Fundo de Investimento da Companhia Brasileira de Meios de Pagamento (Visanet).
O dinheiro seria uma das fontes de recursos públicos do chamado “valerioduto”, esquema pelo qual eram repassados recursos a parlamentares como pagamento pelo apoio político ao governo Lula em votações no Congresso, segundo o entendimento dos ministros do Supremo.
Gushiken sempre negou as acusações e, em sua defesa, sustentou que não eram da sua alçada os recursos do fundo da Visanet.
Depois de deixar a Secretaria de Comunicação, Gushiken passou a ocupar a chefia do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República, de onde se demitiu em novembro de 2011.
Ele conheceu Lula quando ainda era secretário-geral do sindicato, na década de 70. Depois, foi presidente nacional do PT (1988 a 1990) e duas vezes coordenador da campanha de Lula a presidente (1989 e 1998).
Fonte: G1