Ternos escuros ou nos tons cinzas são uniformes masculinos repetidos. Um terno com camisa branca, e gravata clássica é padrão.
Imagine uma reunião importante, onde o Presidente da empresa fará uma apresentação. Uma espécie de kickoff e logo após haverá o comum e conhecido coquetel, que deveria ser a hora do relaxamento.
Nesta reunião, 60% dos executivos usarão terno preto, 30% cinza e 10% azul marinho. Seguindo a tendência a gravata vermelha ou vinho lideram, seguido da gravata azul e acreditem a gravata rosa também é usada, sendo uma ousadia.
Os sapatos e cintos sempre na maioria das vezes são pretos, seguidos das meias na mesma tonalidade. O comportamento também é o mesmo, pois, ao sentar abrem o paletó, cruzam as pernas e todos, exatamente todos arrumam a gravata.
Como são previsiveis os homens, como são práticos e pouco variam no design.
Mas porque isso perpetua?
Lembrem que este compartamento vem de outras décadas e séculos. Quem não lembra dos executivos da empresa IBM conhecidos pelos seus ternos pretos. Virou característica desta empresa que associou a marca a um estilo.
Este estilo, logicamente não surgiu na IBM, mas sim iniciou em Versailles, no século XVII , quando Luis XIV, o rei Sol, desbravando a moda masculina resolveu criar uma roupa específica para as reuniões com empresas multinacionais. Foi nesta época que surgiu o modelo até hoje usado, mas com bem menos rococó (estilo da época). Luis XIV solicitou aos alfaiates que criassem o terno, um conjunto de 3 peças da mesma cor.
A alfaiataria, tornou-se algo que representava o poder e a elegância, e o terno era produzido customizadamente e carregava a imponência da masculinidade mantendo a formalidade.
Interessante como um simples terno remete ao poder, coisa extremamente comum no mundo corporativo. Imagine um homem de tenis, calça jeans e camiseta sentado ao seu lado em uma reunião. Você acharia que ele era um executivo, ou que poderia ser o presidente da empresa? Dificilmente você o enxergaria na função pelo o que está vestindo. A roupa não remete ao cargo.
Eu tive uma professora de antropologia do consumo que falava sempre a seguinte frase: a moda é um eterno vir a ser! Mas como aplicá-la no universo masculino, que preserva o uso do terno desde o século XVII. Já se passaram sete séculos e o uso da alfaiataria masculina, mesmo tornando-se mais viável com a venda no varejo, é ainda a roupa 100% usada pelos executivos, cuja a herança cinza vem da revolução industrial.
Os hippes dos anos anos 70, com suas cores psicodélicas tentaram colorir o mundo, mas não tiveram força e se converteram ao ritual terno preto e atuam muitos como executivos atualmente.
As novas empresas principalmente as de tecnologia e internet, tentam mudar este estilo. Stive Jobs foi um que ousou no estilo camiseta Calvin Klein, a famosa e prática calça jeans e o seu tão comum blaser.
Este estilo mais “casual” será uma nova tendência no mundo corporativo? Num mundo onde a criatividade, ousadia e empreendedorismo tem feito surgir novas empresas de jovens, que brincam de fazer empresa e criam grandes impérios corporativos, combina a tradição dos homens de terno preto?
A era da moda contempoânea precisará mudar o estilo? Porque as cores não surgem neste mundo tão formal e igual? Porque permanecer com os modelos da revolução industrial e pequenas ousadias na largura das gravatas moda dos anos 50 após o boom da propaganda?
Será que a geração Y que já está atuando neste mundo ainda usa o velho e tradicional terno? Pensem rapidamente no estagiário ou no analista que está no inicio da carreira. Ele usa o terno, ou só quando é literalmente obrigado?
Já os executivos da geração X aceitaram as tribos evangelizadas pelos baby boomers e permaneceram com a tradição.
A geração X que está na faixa de 30 a 45 conseguiu mudar este ritual?
É obvio que não!!!
O ritual é tão forte e poderoso, que transforma o profissional em um homem mais respeitado e percebido pela roupa. Parece bobagem, mas é a pura verdade, e qualquer alteração de cor, pode ser considerado ridícula.
Pense neste cenário: um executivo com um terno xadrez estilo “Agostinho Carrara” da série a Grande Família, que ousa no uso de cores e listras. Dá para imaginar? naturalmente o exemplo é estranho de imediato aceitar, mas porque não ousar?
Pense rapidamente e conte nos dedos quantos homens na sua empresa ousam no estilo e fogem ao padrão terno escuro? Quantos ternos verdes, vermelhos, brancos, amarelos, são usados? Contou? Eu não consigo achar um se quer!!!
Será a a geração Y conseguirá mudar este padrão e se libertar de séculos e séculos de uma tradição tão austéra? Como seria se os homens resolvessem mudar este padrão usando cores alegres e ousadas?
A cor preta é desprovida de reflexo de luz e possui simbolismos que variam de cultura ora simbolizando a morte, o anti-patriotismo, o rock’n roll, estilos góticos ou o simplesmente o nada.
Sendo esta cor tão pesada, porque os “Homens de Preto” corporativos não mudam? O que tem por traz desta escuridão?
E você, acha que a cor poderia existir no mundo masculino corporativo?
Homens que tal colorir um pouco!!! Mulheres vocês ajudam a colorir?