NEWTOWN, CT (BDCi) — Ao ouvir a mensagem que a filha Gabriela deixou em seu celular na última sexta-feira (14), a brasileira Alessandra Porto se apavorou. A menina de 9 anos pedia para a mãe ir a escola imediatamente. Depois, um adulto explicou: “Alessandra, você precisa vir. Gabriela está bem, mas houve um tiroteio na escola. Por favor, venha.”
Gabriela é uma das alunas da escola Sandy Hook. A última sexta-feira começou como outra qualquer. Ela pegou o ônibus e foi pra escola. As 10 da manhã, a mãe dela Alessandra recebeu um e-mail avisando que a escola estava interditada por causa de um tiroteio. Um segundo e-mail dizia que as aulas do período da tarde foram canceladas.
Enquanto isso, Gabriela estava dentro da sala de aula. “A gente escutou um monte de portas fechando e professoras gritando”, conta a menina. Ela e os colegas estavam na aula de música e se trancaram na sala dos instrumentos. A professora falou que tinha um homem que queria matar crianças; assustados e no escuro, todos os 20 alunos se sentaram e rezaram todos juntos. “Eu pensava que nunca ia chegar viva em casa”, relata Gabriela.
Depois de uma hora trancados e aterrorizados, a polícia resgatou os alunos pedindo que todos corressem para fora do prédio. As crianças foram levadas para uma base do corpo de bombeiros. De lá, Gabriela ligou para a mãe que desesperada foi buscar a filha. O reencontro foi de choro e alívio. Alessandra confortou a filha, mas o ambiente era de pânico e muito tumúlto, conta ela.
Com a filha nos braços, o casal Porto voltou para casa sem saber da dimensão do massacre. Arnaldo Porto conta que, quando soube que dezenas de crianças haviam morrido, sentiu que havia ganhado a filha de volta e se colocou no lugar dos pais que estavam chocados e lamentando a perda dos filhos.
Pensando nos colegas mortos, Gabriela fez questão de mostrar um vídeo feito um dia antes do massacre quando se apresentou no coral da escola, sob a regência da mesma professora de música que a protegeu do tiroteio. As músicas falavam de união e de paz.
Arnaldo não pensa em trocar de cidade, nem de país. Quer, sim, mudar o jeito de levar a vida. “A gente se encarrega tanto das coisas do dia a dia que esquece de quem está do lado. O importante da vida é você viver o principal. O que é o principal? É quem você ama, é quem está perto de você. É sua família, são seus filhos”, conclui ele.
Por: Josi Chevalier Fonte Fantastico/G1 Foto: Reproducao TV 17 de Dezembro de 2012
8:59 p.m. PST