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Marcos Valério intermediou encontros

BRASÍLIA (BDCi) — O relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, citou nesta segunda-feira (10), durante seu voto sobre lavagem de dinheiro, encontros ocorridos entre o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello, atual acionista da instituição.

Segundo o relator, Marcos Valério atuou como “intermediário” para os encontros.

“Embora Kátia Rabello e José Dirceu admitiram não ter tratado do esquema, é imprescindível atentar para que não se trata de fato isolado, de meras reuniões entre dirigentes do banco e ministro da Casa Civil, mas de encontros ocorridos no mesmo contexto a que se dedicava a lavagem de dinheiro o grupo criminoso apontado na denúncia, com utilização de mecanismos fraudulentos para encobrir o caráter desses mútuos [empréstimos] fictícios”, disse o relator.

Joaquim Barbosa citou Dirceu ao dar seu voto sobre o item 4 da denúncia da Procuradoria Geral da República, que aborda o crime de lavagem de dinheiro atribuído aos réus do núcleo operacional, de Marcos Valério, e do núcleo financeiro, formado por ex-dirigentes do Banco Rural.

A Procuradoria aponta que o Banco Rural tinha interesses na liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco e, por isso, participou do esquema de concessão de empréstimos fraudulentos para as agências de Marcos Valério. O valor teria sido utilizado, posteriormente, para o pagamento de propina a políticos que votassem a favor do governo no Congresso.

Conforme a Procuradoria, após ser informado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares sobre o valor da propina e o nome do destinatário, Marcos Valério acionava o esquema de repasse no Banco Rural.

O relator citou depoimentos de José Dirceu e Kátia Rabello dados durante o processo. De acordo com os depoimentos, afirmou o relator, foram três encontros. No último encontro, em Minas Gerais, Valério teria participado “agindo como intermediário entre Dirceu e o Banco Rural”.

No depoimento, Kátia Rabelo disse, segundo o relator: “Marcos Valério agiu apenas como intermediário, informando a disponibilidade na agenda do ex-ministro.” Ainda conforme Barbosa, Dirceu também confirmou jantar em hotel de Minas e disse que, antes, teria participado de evento no estado ao lado do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Fui convidado pelo Banco Rural a jantar, com Kátia Rabello. Falei sobre o Brasil, sobre o governo, políticas do governo. Fiz exposição da situação do governo e das políticas que considerava importante para o país”, teria dito Dirceu segundo Barbosa.

Valério mentiu, disse relator

“Marcos Valério mentiu em seu interrogatório ao informar valores de empréstimos passados para 2S [de Tolentino] e SMP&B, deixando de mencionar valores à Bônus-Banval”, disse, ao se referir à corretora que, segundo a acusação, repassou valores a parlamentares do PP.

“É interessante notar que Marcos Valério muda de versão conforme as circunstâncias ao ser ouvido em juízo”, completou o relator, afirmando que Valério disse, depois, que o ex-deputado José Janene, morto em 2010, pediu que recursos do PT fosse repassados para o PP por meio da corretora Bônus-Banval.

Por: Ubiratã Farias

Fonte: g1.globo.com

Foto: veja.abril.com.br

Data: 10 de setembro de 2012. 05:18 p.m. PST

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