Depois de quase 104 anos, o Corinthians tem oficialmente o seu estádio. Na manhã desta terça-feira, a construtora Odebrecht entregou a Arena ao clube em cerimônia realizada no local, em Itaquera. Responsável pelas obras do estádio, o ex-presidente alvinegro Andres Sanchez elogiou a nova casa e disse que o local não é só do Timão, apesar de ressaltar o status de anfitrião do clube.
– A Arena é moderna e está aberta a todos. Aqui joga quem quiser, quem puder. O Corinthians é o time do povo – afirmou Andres.
A princípio, o primeiro jogo oficial do Timão no local será dia 17 de maio, contra o Figueirense, pelo Brasileirão. Antes, haverá quatro eventos menores. No entanto, para que essa programação seja confirmada, é preciso que o clube receba o aval do Corpo de Bombeiros. A partir do dia 20 de maio, o clube “entrega” a Arena à Fifa, que passa a cuidar da operação do estádio até o fim da Copa do Mundo.
O sonho de ter um estádio foi realizado graças principalmente ao lobby do clube, em especial do próprio Sanchez, com o governo federal, que através do BNDES liberou um empréstimo de R$ 400 milhões para a obra – o banco de fomento também ajudou a financiar outros estádios que serão utilizados na Copa do Mundo. E o presidente Mário Gobbi lembrou que o Corinthians vai arcar com os custos da sua arena.
– Estou encantado, enamorado. O Corinthians recebe da Odebrecht a sua casa. Uma casa particular, e vamos pagar por ela. Recebemos a Arena para iniciar os trabalhos operacionais de adaptação – explicou o mandatário.
Os trabalhos para a montagem das arquibancadas móveis e de toda a estrutura necessária para atender às exigências da Fifa e receber o jogo de abertura da Copa do Mundo – Brasil x Croácia, no dia 12 de junho – continuam. Mas do ponto de vista do Corinthians, com aquilo que ficará como legado após o Mundial, tudo está pronto. Por isso, a realização da cerimônia de entrega nesta terça, mesmo com várias partes inacabadas.
Nas últimas décadas foram vários os projetos, compras de terrenos, tentativas de parcerias e promessas de que o clube teria sua casa. Sempre sem sucesso. Em 2010, como parte das comemorações do centenário, Corinthians e Odebrecht firmaram o contrato para a construção da Arena. As obras foram iniciadas no fim de maio de 2011. Em outubro veio o anúncio de que o local seria o palco da abertura da Copa, após o veto da Fifa ao Morumbi.
O clube teria de atender às exigências da entidade para comportar tal evento, como pelo menos 60 mil lugares para os torcedores. A construção da Arena Corinthians teve diversas polêmicas desde o seu início, como a isenção fiscal, a retirada de gasodutos do terreno, os empréstimos do BNDES para acelerar a obra, a indecisão sobre quem pagaria as arquibancadas provisórias, entre outros. Mas nenhum deles foi tão grave quanto as mortes de operários.
A casa corintiana tem seu lado triste, que também não será apagado. Foram três falecimentos por conta de acidentes no local. No dia 27 de novembro de 2013, o guindaste que montava a estrutura da cobertura causou grande estrago em parte da arquibancada ao cair, mas o pior foram as mortes dos operários Fábio Luiz Pereira, 42 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, 44. No dia 29 de março deste ano, Fabio Hamilton da Cruz, 23 anos, faleceu após sofrer uma queda enquanto trabalhava na montagem das arquibancadas móveis.
O ex-presidente do Corinthians Andres Sanchez prestou homenagem aos funcionários.
– Quero homenageá-los. E muito triste, são vidas que se foram – disse ele, garantindo que tudo ficará pronto a tempo do Mundial: – Faltam algumas coisas para terminar, mas em duas semanas tudo estará pronto. Posteriormente, seguiremos com a obra para adaptar ao que queremos, já que a Fifa tem os seus padrões.
Fonte: G1