Aos 21 anos, Paul Pogba é um dos jovens talentos do futebol francês. O volante do Juventus, da Itália, sempre teve a confiança do técnico Didier Deschamps, mas ficou devendo grandes atuações na primeira fase e vinha recebendo críticas. Foi barrado contra a Suíça. Voltou ao time no empate com o Equador. E entrou em campo para enfrentar a Nigéria pressionado. Na véspera da partida, sua escalação foi contestada. Mas nada como responder na bola. Foi dele o gol do alívio, que abriu caminho para a vitória dos Bleus sobre a Nigéria por 2 a 0, nesta segunda-feira, em Brasília, e garantiu a classificação francesa para as quartas de final. No fim, Pogba ainda foi eleito o melhor jogador em campo pela Fifa.
Pogba lutou como um verdadeiro guerreiro. Jogando mais pelo lado direito, foi incansável. Correu 10.037m durante toda a partida. Recuperou quatro bolas, arriscou três chutes a gol. Parecia que o grito “Allez les Bleus” (Vamos azuis!) da pequena, mas barulhenta torcida francesa o empurrava. O primeiro tempo estava truncado, sem grandes oportunidades. Foi quando o volante recebeu no meio e viu Valbuena livre pela direita. Pogba correu para a área e recebeu o passe. O voleio de primeira, em que a bola alcançou 87,7km/h, tinha tudo para se transformar em um dos mais belos gols desta Copa do Mundo. Mas no caminho do francês havia Enyeama, o goleiro nigeriano que parecia estar iluminado. Uma defesa espetacular. E Pogba, com a mão na cabeça e depois mordendo a camisa de raiva, parecia pensar como aquele gol poderia levar todas as críticas para longe.
Veio o segundo tempo, e a Nigéria tinha mais volume de jogo. A partida só começou a mudar depois dos 30 minutos. Griezmann entrou no lugar do apagado atacante Giroud. E a Nigéria perdia Onazi, machucado, que fazia uma grande partida. Mas do outro lado ainda havia Enyeama, que quando não fazia grandes defesas, ainda contava com a trave como aliada ou com os companheiros, que por duas vezes tiraram a bola quase em cima da linha.
O tempo passava. O relógio já marcava 34 minutos do segundo tempo. Mas quis o destino que o goleiro, então o destaque da partida e que havia evitado o tão esperado gol de Pogba no primeiro tempo, entregasse para ele a bola de mão beijada após uma saída errada do gol. Era só tocar de cabeça e sair para comemorar. Era o gol do alívio. Para a França, que via o jogo ganhar ares de dramaticidade. E para Pogba, que naquele momento sabia que as críticas dariam uma trégua.
– Nem tenho o que falar. Há todo o país atrás da gente nos apoiando. Fazer esse gol nos libertou. Estou feliz pelo time e pela França inteira, não tenho palavras.
Sensação de felicidade também na arquibancada, onde a namorada do volante torcia para os Bleus. O gol de Pogba deu tranquilidade para a França, que passou a administrar os minutos finais. Afobada, a Nigéria se perdeu. Desde o dia 22 de março de 2013, quando fez sua estreia na seleção francesa, Il Polpo Paul (“O Polvo Paul” em italiano, apelido que ganhou no Juventus) jogou 14 vezes pelos Bleus. Mas nenhum foi tão especial como este contra a Nigéria.
– Fazer um gol pelo meu país, em um jogo importante como esse, em que passamos para as quartas de final da Copa do Mundo é meu sonho. Realmente, é um dos melhores momentos da minha vida.
Um reconhecimento que vem também da torcida. O termo “merci Pogba” (“obrigado, Pogba”, em português) foi um dos mais citados pelos usuários das redes sociais em todo o mundo logo após a partida. Yohan Cabaye mostrou que os companheiros de seleção também comemoraram a boa atuação e a ‘resposta’ do camisa 19 aos críticos.
– Foi bom ele ter feito um gol e nos ajudado. Ele estava sendo injustamente criticado ultimamente e respondeu em campo – disse o jogador do PSG, após a partida no Mané Garrincha.
O que importa para Paul Pogba e para a França é que a caminhada continua. E agora eles terão a Alemanha pela frente nas quartas de final, sexta-feira, no Maracanã. A julgar pela trajetória do camisa 19, os obstáculos durante o percurso não serão um problema. Confiança, pelo visto, não falta. Sobre um possível duelo contra o Brasil na semifinal, ele parece provocar. O jogador de 21 anos garante ter boas lembranças da vitória francesa na final da Copa de 1998.
– Eu me lembro que quando era menino vi a final entre França e Brasil. E ganhamos… Sempre tem essa rivalidade entre França e Brasil. Para mim seria um prazer enfrentar o Brasil aqui, na casa deles, na Copa do Mundo.
Fonte: G1