O técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, concedeu entrevista coletiva oficial pré-jogo da Fifa, nesta segunda-feira, no Mineirão. E, como não poderia deixar de ser, abordou a saída de Neymar do grupo, por conta de lesão, e prometeu que a equipe também irá jogar nesta semifinal, contra a Alemanha, pelo seu camisa 10, que está fora da Copa do Mundo.
– A motivação adicional que nós temos que acrescentar é a passagem, a cada jogo, de uma etapa. Naturalmente que o Neymar, aos nos deixar, deixou muito dele conosco, e levou muito de nós com ele. Nós já terminamos essa fase de envolvimento, desse aspecto que ficamos tristes, desde que sabíamos que não poderíamos ter mais o Neymar, e ele na primeira oportunidade depois de estar mais tranquilo, nas manifestações e jeito de conversar, fez com que os jogadores entendessem que a parte dele ele tinha feito e agora é a nossa parte que temos que fazer. A minha, dos jogadores e de todo o povo brasileiro. Nós não vamos estar jogando apenas por nós, por nosso país, por tudo que imaginamos e sonhamos, mas também pelo Neymar, por tudo o que fez por nós.
Felipão falou também sobre o relacionamento com o grupo que, segundo ele, já o conhece só no olhar, assim como ele também já está acostumado com cada jogador.
– Ontem quando fui conversar com eles depois do jantar, vi uma série de risadas, coisa e tal, fiquei escondido um pouco e vi o quanto o David me imitava, no jeito de falar, de olhar, sinalizar. Depois eu brinquei. Acho, sim, que eles me entendem, porque não é muito difícil para uma pessoa me entender, saber como me sinto bem ou mal, chateado ou não. Transparece muito nas feições e não tem como enganar. Eles sabem porque já convivemos um ano e meio juntos nestes jogos o que a gente deseja, como deseja, ou quando acontece algo que não está ocorrendo dentro daquilo que a gente preparou. É só olhar e a reação acontece de ambas as partes. Assim como eu os conheço bem, eles também me conhecem bem.
Felipão ainda não divulgou como vai montar a equipe brasileira para a decisiva partida contra a Alemanha. O treinador não contará com Neymar, lesionado e fora da Copa, e Thiago Silva, que recebeu o segundo cartão amarelo contra a Colômbia e está suspenso da semifinal. A decisão, inclusive, já foi tomada, mas não foi revelada na coletiva.
– Eu já tenho, mas não vou divulgar.
O Brasil enfrenta a Alemanha pelas semifinais da Copa do Mundo, nesta terça-feira, às 17h, no Mineirão, em Belo Horizonte. O confronto valendo vaga na grande decisão da competição será transmitido ao vivo pela TV Globo, SporTV e GloboEsporte.com. O site também acompanha o duelo em Tempo Real.
Confira os tópicos da entrevista de Scolari:
CONHECE O TIME PELO OLHAR
Eu acho que sim, inclusive ontem pude conversar com eles depois do jantar, vi um monte de risadas, fiquei escondido um pouco. E vi como o David me imitava com jeito de falar, olhar, e brinquei: “Tá bom”. Eu acho que eles me entendem. Porque não é muito difícil me entender, eu acho que transparece muito minhas feições, não tem como me enganar. E eles sabem, porque convivemos juntos há um ano e meio, o que a gente deseja. Assim como eu os conheço, eles me conhecem bem, e isso ajuda que haja um bom entendimento em determinados momentos.
NEYMAR
A motivação que nós temos que acrescentar, é a passagem a cada jogo de uma etapa. Naturalmente que Neymar, aos nos deixar, deixou muito dele conosco, e levou muito de nós com ele. Nós já terminamos a fase de envolvimento de ficar tristes, desde que sabíamos que não poderíamos ter o Neymar. E ele, nas suas manifestações, fez com que os outros entendessem que a parte dele estava feita. Agora é a nossa parte que temos que fazer. Esse jogo é importantíssimo, pode nos levar a uma final. Vamos jogar por nós, pelo nosso país, e um pouco de cada um de nós pelo Neymar. Está superada essa situação.
ARBITRO DA MORDIDA
Se ele não viu, não viu (mordida do Suárez). Muitos lances acontecem em que o árbitro não viu uma falta, um lance qualquer, diferente. Este foi um lance inusitado, ele estava olhando a bola, para isso tem auxiliares e tudo mais. Pelo que sabemos, (Marco Rodríguez) é um árbitro em sua terceira Copa, experiente, deve ser uma das escolhas corretas da Fifa para apitar nosso jogo.
TIME
Não. Eu já tenho, mas não vou falar.
MEIO DA ALEMANHA
Não. Eles mostram equilíbrio em todos os setores. Tanto na defesa, no meio, no ataque. Plano de jogo muito bom. Não se pode pensar numa situação de tranquilidade porque A ou B não jogam. Equilíbrio da Alemanha é muito grande, e vem há seis anos sendo organizado para este Copa. É sinal de que tem bom equilíbrio, balanço, trabalho da equipe. E a sequência de trabalho dá resultado. Vamos respeitar, também para nos impormos como equipe.
RESPEITO
Temos que respeitar a equipe da Alemanha, pelo que fez, faz e pela forma como joga. Mas não podemos respeitar sem nos impormos. Nossa maneira de jogar é definida antes do jogo, embora o adversário vá se portar assim ou assado, e nós vamos fazer nosso jogo. Podemos criar uma dificuldade para a Alemanha. Temos um padrão de jogo e vamos tentar impor. Já definimos nos nossos treinamentos com a equipe, não vou falar aqui qual vai ser.
LOW CRITICADO
Não é só na Alemanha que criticam técnico. Eu também não sou apropriado para ganhar a Copa. É tudo igual.
2002
Nós ganhamos em 2002 com o Brasil, mas eu perdi 2008 com Portugal, depois também perdi o terceiro lugar em 2006 com Portugal. Portanto tenho duas derrotas e uma vitória. Para igualar, tenho que ganhar amanhã. Espero que o Brasil jogue bem, vença, as lembranças são muito boas. A amizade, o ambiente que se criou com determinados jogadores. Em 2006 encontrei o Kahn depois do jogo, eu o parabenizei e ele disse: “Essa eu não queria, eu queria a outra”. É um jogo muito difícil. Nós lutamos muito para chegar até as semifinais, crescemos de produção e chegamos até a semifinal. A Alemanha já estava no nosso projeto de chegar a final, e temos que passar para chegar ao objetivo de chegar a uma final em casa.
TRÊS VOLANTES E DANIEL
Se eu jogar com três volantes, uma das condições que posso jogar, é dar liberdade aos laterais. E se jogar com dois, vou dar menos liberdade, mas acrescentar alguma situação diferente para causar algum prejuízo para Alemanha. É só isso o que eu posso dizer.
SEM NEYMAR
Não foi fácil decidir. Mas não esqueça o que eu sempre passo a vocês, é que tenho um grupo de trabalho espetacular, o Galo e o Roque Júnior. Assistimos aos jogos, e quem nos deu a confiança de que vamos fazer o certo, o correto, foram os observadores, o Galo e o Roque. Quando tem um grupo de trabalho, confia e diz assim: “É esse o nosso grupo”, a gente fica tranquilo para a escolha. Já estava definido, escolhido. Menos dor de cabeça, eu já disse que durmo bem, o que eu mais faço é dormir. Estamos todos aqui dando o melhor, está passo a passo. Muitas vezes de uma forma não muito bonita ou linda, mas passo a passo vamos tentar conseguir mais uma vitória.
MOTIVAÇÃO
Desde o início tínhamos que nos superar. Temos que nos superar para conseguir aquilo que queremos. O Neymar que era uma referência não vai estar presente, mas temos uma equipe com outros 22 escolhidos a dedo e sabem que são especiais. Ontem conversamos sobre “o que é ser reserva”. É alguém especial, para um momento especial. Entrar num momento tão importante como esse. Aquele é mais especial do que quem está jogando, porque pode fazer a diferença. É o que estamos passando aos nossos jogadores, é o que eles sentem. Vamos sentir falta da competitividade, a forma como o Neymar jogava. Mas temos condições de passar e seguir em frente. Vamos jogar por nós, pelo Neymar, e do grupo desde o início, que é a classificação para a final.
LUIZ GUSTAVO E DANTE
Eles são importantes no dia a dia, com informações sobre determinados jogadores, como gostam de se comportar, preferências, lados, dribles. E que a gente depois vai acrescentando nos vídeos quando passa a eles sobre a forma de jogar. Eles preenchem com dados que nós deixamos de lado. E esses dois jogadores falam muito sobre os colegas e como se comportam.
Fonte: G1