Rio – O ‘temido’ toque retal para detectar câncer de próstata ganhou alternativas pouco invasivas. São três exames de imagem que, juntos, dariam fim a cenário preocupante: segundo o Centro de Referência em Saúde do Homem, em São Paulo, em 2011 pelo menos 20% dos seus pacientes entre 45 e 70 anos (3 mil homens) se recusaram a fazer exames, porque eram de toque retal. O percentual é alto, levando-se em conta a importância do diagnóstico precoce para a cura.
Ainda pouco usado, o método tríplice é composto pela ultrassonografia, que rastreia alterações na textura da próstata; pelo Doppler, que verifica a vascularização da área; e pela elastografia, outro exame de imagem, que mede a elasticidade dos tecidos, detectando locais mais ‘rígidos’, onde o tumor possa estar.
O exame tríplice aumenta a probabilidade de se detectar o câncer na fase inicial, quando as chances de cura chegam a 90%. Além disso, é realizado em um único procedimento. A ultrassonografista diagnóstica Lucy Kerr defende que o método garante mais precisão, alcançando áreas afetadas que podem não ser localizadas normalmente. Além disso, a possível falha de um método pode ser detectada pelo outro. “No exame de toque, não se consegue perceber tumores infiltrativos da próstata, que são os piores”, afirma Kerr.
A técnica não é unanimidade no meio médico, pela complexidade. “O padrão é fazer o diagnóstico através do toque retal e da dosagem de PSA no sangue (enzima característica de tumores)”, ressalta João Manzano, representante da área de próstata da Sociedade Brasileira de Urologia. “O tríplice pode ser algo complementar, como a ressonância magnética”, diz. Além do exame do toque, a única técnica oferecida pelas secretarias municipal e estadual de Saúde do Rio é a ultrassonografia.
Uma doença que avança sem sintomas
Doença silenciosa e quase sem sintomas, o câncer de próstata se manifesta com sinais semelhantes aos do aumento benigno da glândula (dificuldade ou necessidade excessiva de urinar). O exame deve ser feito a partir dos 45 anos, quando os tumores normalmente surgem.
O diagnóstico é considerado precoce até o momento em que o tumor está restrito à próstata. Se invadir outros órgãos, a cura é mais difícil.
Após a comprovação através da biópsia, o tratamento pode ser realizado pela radioterapia ou por cirurgia.
Prevenção, diagnóstico, tratamento
Na última semana, foi aprovada, pelo Senado Federal, a política de atenção integral à saúde do homem no SUS. A medida inclui prevenção, detecção precoce, diagnóstico e tratamento de doenças que atingem a população masculina.O Rio já dispõe de um Centro de Atenção à Saúde do Homem, instalado na Policlínica Piquet Carneiro. A unidade oferece exames de toque, ultrassonografia e dosagem de PSA para a avaliação de tumores na próstata.
Fonte: jornal O Dia, 3.10.2013