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Defensor de Macarrão diz que condenar é troféu para promotor

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CONTAGEM   – MG  (BDCi) — Não se condena pisando em areia movediça. O julgador   quando julga, julga em terreno firme. Se não tem prova robusta, melhor   absolver”
Leonardo Diniz, advogado de Macarrão.

Durante   tréplica na fase de debates do júri popular do caso Eliza Samudio,   realizada nesta sexta-feira no Fórum de Contagem, em Minas Gerais,   Leonardo Diniz, advogado de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão,   disse que a condenação dos réus será um “troféu extraordinário” para o   promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, para quem “condenação é   estatística”. Ele afirmou que “todo mundo está propenso a errar e estar   subjugado a um processo cuja prova é fraca”. Mais cedo, o defensor já havia falado ao júri.
Ele   voltou a pedir “uma condenação justa” para Macarrão e defendeu a   confissão do réu, na madrugada de quinta. “A confissão ela é muito   consistente sim. Ela traz um valor muito grande nesse processo sim”,   disse. “Suas informações não destoam aqui do processo em julgamento, em   nada”.

O   defensor criticou pontos da argumentação do promotor, disse que não há   “amparo” em associar “a morte de Sérgio [Rosa Sales, primo de Bruno] a   esse processo de forma leviana” e afirmou que “nunca foi encontrado   nada” relacionado á mala de Eliza Samudio. “Será que não tem um cabo,   uma rodinha?”, questionou.
Diniz   também voltou a dizer que o réu não presenciou a morte de Eliza. “Como?   Macarrão estava no sítio. Ele chutou? Claro que não, nem lá ele   estava”, afirmou ao júri. “Não se condena pisando em areia movediça. O   julgador quando julga, julga em terreno firme. Se não tem prova robusta,   melhor absolver”, defendeu.

Próximos passos

De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), após o   promotor expor seus argumentos pela segunda vez e o advogado de Macarrão   fazer a tréplica, é a vez da defesa de Fernanda falar pela segunda vez   no plenário. Depois, o conselho de sentença se reunirá para decidir se   os réus serão condenados ou absolvidos. A expectativa do TJMG é que a   sentença seja proferida pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues ainda   nesta sexta, finalizando o julgamento dos dois réus.

’Macarrão é protagonista’
Em sua réplica no júri popular do caso Eliza Samudio, feita nesta   sexta-feira (23) no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, o promotor Henry   Wagner Vasconcelos de Castro apontou Luiz Henrique Ferreira Romão, o   Macarrão, como “protagonista” dos acontecimentos que resultaram na morte   de Eliza Samudio, em 2010. Ele citou um depoimento de Sérgio Rosa   Sales, primo do goleiro Bruno Fernandes de Souza: “Sérgio, sobre a   atuação do Macarrão, apontada por ele como de extrema relevância na   divisão de tarefas que foi estipulada […] Macarrão é colocado como   protagonista desses acontecimentos”.

Ele   rebateu as afirmações de Carla Silene, responsável pela defesa de   Fernanda Gomes de Castro, namorada de Bruno na época do desaparecimento   de Eliza, de que “Minas Gerais possui a pior polícia investigativa de   homicídios do Brasil”. Para ele, nenhum réu é levado a júri popular sem   “a certeza da realidade do acontecimento” e, nesse caso, “a prova é   firme”.

Castro   mostrou aos jurados álbum de fotografia encontrado por um repórter nas   adjacências do sítio de Bruno. “Esse álbum tem fotos de um bebê. De um   bebezinho do sexo masculino. Essas fotos foram encontradas idênticas no   computador de Eliza”, disse o promotor. “Era a foto do bebê dela, que   estava na bagagem dela”, completou ele, mostrando fotos tiradas do   notebook de Eliza e comparando com as fotos queimadas.
O   promotor falou sobre a confissão de Macarrão. “O réu dispôs-se a   confessar. Mas veja, confessar a seu modo […] Confessou buscando   minimizar a própria responsabilidade, responsabilidade que todavia não   se restringe à de mero partícipe. A responsabilidade é de coarticulador   desses crimes”, disse Castro, ressaltando que a confissão tem papel   delineado, “a redução de pena, desde que tenha alguma relevância”.

Ela chegou lá sabendo qual era sua tarefa. Já no sítio, Fernanda não tinha dúvida do que aconteceria com Eliza” Promotor Henry de Castro Macarrão também protagonizou a execução do homicídio de Eliza”

Promotor Henry de Castro.

Ele   também voltou a pedir a condenação de Fernanda Gomes de Castro, dizendo   que ela sabia o que estava sendo planejado quando foi à casa de Bruno.   “Ela chegou lá sabendo qual era sua tarefa. Já no sítio, Fernanda não   tinha dúvida do que aconteceria com Eliza”, disse Castro. “A absolvição   de Fernanda é uma injustiça. Não há possibilidade de absolver Fernanda   desse sequestro, sem absolver Macarrão do sequestro”. A prova é firme”
Promotor Henry de Castro.

Segundo   o promotor, Jorge Luiz Rosa, primo de Bruno menor de idade à época do   crime e que atualmente está em programa de proteção a testemunhas, ficou   sabendo de Macarrão que “o corpo de Eliza foi desossado” na casa de   Bola. “O Macarrão também protagonizou a execução do homicídio de Eliza”,   afirmou. Ele leu o depoimento em que o menor conta que Bola falou para   Macarrão amarrar Eliza e que o réu chutou as pernas da vítima enquanto o   ex-policial a enforcava com uma gravata.

“Jorge   viu uma mão ser jogada aos cães. Eu não acredito que o corpo de Eliza   tenha sido atirado aos cães”, disse o promotor, considerando que isso   era uma forma de Bola amedrontar Macarrão, Sérgio e o primo menor de   Bruno.

Promotor apresenta provas

Na primeira rodada de argumentações, Henry Wagner Vasconcelos de Castro apresentou uma série de provas,   entre elas registros de telefonemas realizados pelos réus Macarrão e   Fernanda; laudo do sangue de Eliza achado no carro do atleta; e   depoimentos de Jorge Luiz Rosa e de Sérgio Rosa Sales, primos de Bruno,   dados à polícia e que trazem detalhes sobre a morte da ex-amante do   goleiro.

De   acordo com Castro, as provas mostram os passos de Eliza Samudio até a   sua morte, em junho de 2010, desde o Rio de Janeiro até Minas Gerais,   para onde ela foi levada. O laudo do sangue de Eliza achado no carro do   goleiro Bruno mostra que ela “foi violentada, agredida, subjugada, foi   levada ao interior da casa do goleiro no Recreio dos Bandeirantes”, no   Rio de Janeiro, de acordo com o promotor.

Do   Rio, Eliza foi trazida para Minas Gerais, “onde Bruno e sua turma   poderiam dar cabo da vida dela com mais facilidade”, disse o promotor.   Castro afirmou que Eliza foi atraída por uma proposta “hipócrita” do   goleiro para a viagem que terminou com sua morte. A ex-amante dizia a   amigos que o goleiro a “estava enrolando”, relatou o promotor. “Ela   passou a realizar insistentemente ligações para o réu”, disse.

A   Promotoria apresentou aos jurados os registros de telefonemas do   celular de Macarrão, amigo de Bruno e também réu no processo. Uma   ligação é feita em 4 de junho de 2010, às 20h40, do celular de Macarrão   para Eliza. “Era a proposta para que ela fosse ao encontro do goleiro,   que estava concentrado [no Flamengo]”, disse Castro.

A   última ligação feita do celular de Eliza é para Belo Horizonte, cidade   para a qual ela foi levada. Depois ela não teve mais acesso o telefone,   segundo o promotor. “A partir daí são cinco dias sem uso do celular” até   que a ex-amante seja morta, disse Castro.
O   promotor destacou a participação de Macarrão na morte de Eliza, dizendo   que na noite do crime, ao chegar ao local, Bola deu uma gravata em   Eliza e Macarrão chutou as pernas dela, para que ela perdesse o   equilíbrio. “Ela ficou com olhos de sangue, segundo o relato do Jorge. A   língua foi para fora, ela estremeceu um pouco mais e não se   movimentou”, disse Castro.

“Eliza   não teria sido sequestrada nem morta se não fosse o poder exercido nos   bastidores por este facínora. Não podia abalar a imagem de Bruno.   Precisava do cara que mantinha a discrição”, afirmou Castro. Antes   do cárcere e da morte, Bruno chegou a advertir sua ex-amante a não   procurar a polícia ou ele a mataria, de acordo com o promotor, que   relembrou o relato de Eliza após ela ter sido levada para Minas Gerais,   em 2010. Por   isso fico invocado, por vocês não terem nada a ver com essa situação.   Não foram vocês que se relacionaram com essa vagabunda dessa mulher aí” Trecho de carta do goleiro

Bruno para a ré Fernanda

Defesa de Fernanda

A advogada Carla Silene, responsável pela defesa de Fernanda Gomes de   Castro, namorada de Bruno à época do desaparecimento de Eliza disse que não é possível condenar sua cliente sem provas de sua participação no crime. “Cadê as provas? […] Contra Fernanda   Castro, pelo cárcere privado de Eliza e Bruninho, essas provas não   vieram”, afirmou a defensora. “Eu só posso condenar quando eu tenho   prova”, completou Carla Silene durante a fase de debates.

Ela   também questionou a investigação policial do crime. “Minas Gerais   possui a pior polícia investigativa de homicídios do Brasil”, afirmou,   citando um relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “O sítio   sequer foi preservado [para a colheita de provas]”. A advogada ainda   criticou o promotor do caso por ressaltar atributos físicos da ré.   “Parece até que ser feminina hoje é um pecado. Ressaltar atributos   físicos”, disse sobre a fala do promotor em que a ré foi descrita como   “bunduda, coxuda”. A   advogada mostrou trechos de cartas enviadas por Bruno para Fernanda.   “Poxa, toda hora problema Bruno. E ainda colocam foto de todos e foto   sua. Por isso fico invocado, por vocês não terem nada a ver com essa   situação. Não foram vocês que se relacionaram com essa vagabunda dessa   mulher aí”, disse Bruno na correspondência, de acordo com a defesa.

Em   sua argumentação, a defensora destacou o sofrimento de Sônia de Fátima   Moura, mãe de Eliza Samudio, mas ressaltou que a mãe de Fernanda também   sofre. “O que nós não podemos admitir, neste instante, é que outra mãe, a   senhora Solange, que está sentada lá no fundo, sofra com a condenação   da filha, Fernanda. Uma moça que namorou o goleiro Bruno por menos de   quatro meses. E que por cada mês de namoro recebeu um mês de prisão”.

Carla   Silene disse que Fernanda não participou de nenhum sequestro e cárcere   privado e pediu a absolvição da ré. “Eliza estava encarcerada? Não. Essa   moça apresentava um ferimento na cabeça? Não. Havia gente fiscalizando o   andar? Não”, argumentou ao júri.
Defesa de Macarrão

Em sua primeira manifestação, o advogado Leonardo Diniz, que representa Macarrão, pediu que os jurados ofereçam uma “reprimenda justa” para o réu. O defensor pediu que Macarrão seja absolvido dos crimes de   sequestro, do qual não teria participado, e também de ocultação de   cadáver, já que ele não sabe o que foi feito do corpo de Eliza. Quero que vossas excelências analisem a relação entre um serviçal e um ídolo de futebol”

Leonardo Diniz, advogado de Macarrão.

“Seja   aplicada uma condenação, uma reprimenda, segundo o que entenderem da   participação dele nesses fatos, mas que essa reprimenda seja justa, que   seja proporcional”, disse Diniz. O advogado de defesa ainda disse que   Macarrão era apenas um “serviçal” do goleiro, e que cumpria ordens de   Bruno.
“Quero   que vossas excelências analisem a relação entre um serviçal e um ídolo   de futebol”, disse, referindo-se ao atleta. Diniz ainda lembrou que,   durante seu depoimento, Macarrão afirmou ter tentado argumentar sobre o   desaparecimento Eliza: “Vai acabar com a sua carreira”, disse ao   goleiro.

Diniz   recorda-se do que foi dito pelo goleiro, segundo o depoimento de   Macarrão: “É para fazer eu estou mandando. Aí ele [Macarrão] se submete,   adere a essa vontade. Sai, pega Eliza e leva até o lugar, com a   imaginação dela de que ela iria ao apartamento”.
Diniz   questionou as provas trazidas pela Promotoria e tentou desqualificar os   depoimentos dos primos do goleiro Bruno Fernandes, Jorge Luiz Rosa e   Sérgio Rosa Sales. A estratégia de mostrar os primos como desafetos de   Macarrão teve como objetivo contrapor Promotoria nos debates entre   defesa e acusação.

No   seu tempo reservado à acusação, o promotor Henry Wagner de Castro   apresentou uma série de provas que indicam que Macarrão e o ex-policial   Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foram os executores de Eliza em 10   de junho de 2010. Segundo o Ministério Público, o goleiro seria o   mandante da morte de sua ex-amante. Diniz discordou desta versão.

O julgamento

O júri popular, que teve início com cinco réus, segue com apenas dois   acusados: Macarrão e Fernanda. Ele é acusado de homicídio triplamente   qualificado, sequestro e cárcere privado e ocultação de cadáver. Ela é   acusada de sequestro e cárcere privado de Eliza e de Bruninho, filho que   a vítima teve com o goleiro.

Fonte: g1.globo.com Foto: antoniozacarias.org

Data: 23 de novembro de 2012, 3h48 p.m.

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