Do Terra
A Seleção Brasileira viveu nos últimos dois dias uma enxurrada de críticas por conta da postura emocional da equipe na partida diante do Chile, que terminou com vitória nos pênaltis e deu uma vaga às quartas de final da Copa do Mundo. Psicólogos, ex-jogadores e torcedores reclamaram por conta da atitude do capitão Thiago Silva em se isolar emocionado antes da disputa por pênaltis e pelo choro de jogadores como Neymar após as cobranças.
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Em bate-papo com alguns jornalistas com quem tem mais intimidade, a comissão técnica de Luiz Felipe Scolari concordou que o time está com as emoções à flor da pele pela pressão de jogar em casa uma Copado Mundo, sofrendo um desequilíbrio psicológico. Para ajudar a resolver a situação, o treinador chamou às pressas a psicóloga Regina Brandão, que fez a análise do grupo na preparação antes do Mundial. Assim como fez em 2002, ela traçou o perfil de cada um dos 23 convocados.
Ela foi pega de surpresa como a notícia correu rápido. “Como vocês já estavam sabendo? Acabei de receber a passagem hoje para ir à Teresópolis”, disse em entrevista ao Terra. De acordo Regina, assim que ela chegar está previsto um encontro entre ela e Felipão para estar terça-feira. A psicóloga tem evitado falar e se policia, a pedido da comissão técnica para não passar informações para a imprensa.
Principais nomes do Brasil mostraram estar extremamente sensibilizados durante a Copa do Mundo
Foto: Fabrice Coffrini / AFP
Fato é que ela está acompanhando as críticas constantes com relação a atitude da Seleção Brasileira dentro de campo. Nesta segunda-feira, por exemplo, o psicólogo do esporte João Ricardo Cozac alfinetou a atitude de Thiago Silva. “Pode chorar, é uma forma de extravasar a emoção. Mas, antes de um momento importante e decisivo, ver o goleiro e o capitão chorando, e o treinador, em vez de acalmar e motivar, ficar na beira do campo reclamando da arbitragem e xingando adversários demonstram uma falta de controle emocional das mais perigosas”, alertou Cozac, presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte.
Cozac foi mais longe nas suas declarações contra o técnico Luiz Felipe Scolari. “O Felipão achar que representa a Regina na Seleção está furado, ninguém tem que representá-la a não ser ela mesma. Ele aceita a psicologia até certo ponto, e esse ponto é muito, muito, muito limitado, 20% do que a psicologia pode oferecer. Os outros 80% o Felipão não conhece ou não aceita”, analisou Cozac.
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Psicólogo esportivo crítica emocional da Seleção Brasileira
Na entrevista ao Terra, Regina Brandão alfinetou as críticas de Cozac e de outros psicólogos. “Acho muito anti-ético as pessoas falarem da Seleção, sem trabalhar no nosso projeto e sem saber das informações dos jogadores e do que é feito com a equipe”. De fato, as informações que chegam de dentro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é de que Regina e Felipão falam por diversas vezes por telefone. O treinador a usa como uma conselheira constante para conversar com um ou outro jogador que considera insatisfeito ou como agir com o grupo em determinada situação.
Jogadores tem de se defender
A crítica com relação ao emocional do grupo foi criticada por alguns ex-jogadores como Careca. Em entrevista ao Terra, o atacante do Brasil nas Copas do Mundo de 1986 e 1990 foi duro no discurso contra o time chorar tantas vezes durante as partidas do Mundial em solo nacional.
“Pelo menos o que vem passando para gente aqui fora, está parecendo demais essa emoção. A hora do hino tem de ouvir, cantar. Mas depois apaga, tem que esquecer até os problemas de casa, filho, mulher. Isso está passando demais. O pessoal não está conseguindo segurar esse emocional, o emocional está passando na frente deles, não pode. Tem que ser feito um trabalho de mano a mano, isso está atrapalhando demais. Nós sempre tivemos um xerifão dentro de campo, que se precisar mandar tomar banho, vai mandar no bom sentido. Neste grupo não tem isso”.
Outros atletas como o capitão do tri, Carlos Alberto Torres, também reclamaram da postura. Em entrevista realizada nesta segunda-feira, Fernandinho que foi escolhido pela CBF para falar à imprensa enfrentou quatro perguntas sobre o tema. “O preparo começou em 26 de maio. Tivemos boas conversas com psicólogos, não é hora de trabalhar parte emocional porque todos estão conscientes do que têm de fazer em campo. E mostrar por que estamos aqui”, disse.
“A questão do favoritismo, o Brasil, em qualquer competição que entra, é favorito. Sempre foi assim. Estamos crescendo durante a Copa. Com relação ao choro, depende de cada um. Acho que não devemos dar ênfase a isso porque não levará o time a lugar algum. Repito que o nível de concentração nos pênaltis foi muito bom”, completou.