Veias dilatadas e tortuosas: é a definição que se dá para varizes, aquelas que incomodam muita gente. Se você passou dos 35 anos, saiba que está na idade de risco para começar a apresentar a doença. Aos 50 anos, metade da população tem varizes. Aos 70 anos, até 70% das pessoas carregam essas marcas nas pernas. E, embora em menor proporção, a cada quatro mulheres, um homem apresenta varizes.
Aos 50 anos, metade da população tem varizes; 80% dos casos são em mulheres
Mas como é que elas surgem? A explicação é simples: são veias que se dilataram, seja por predisposição genética ou por conta da gravidez e outros fatores, e que agora já perderam um pouco da sua função principal: bombear o sangue de volta para o coração.
Dizem por aí, e os médicos confirmam, que a panturrilha é o coração das pernas. Logo, as veias localizadas na batata da perna têm papel essencial para bombear de volta o sangue que as artérias mandaram do coração para o corpo.
Felizmente, o sistema venoso externo – onde acontecem as varizes que costumamos ver e reclamar da aparência – é responsável por apenas 20% do retorno venoso do corpo. Os outros 80% estão por conta do sistema venoso profundo, com veias de grande calibre que ficam protegidas por músculos espessos. Quando a dilatação acontece ali, o problema é outro: é chamado de insuficiência venosa profunda, não mais de varizes.
Mas as varizes do sistema venoso externo podem doer, arder, incomodar esteticamente e, dependendo do grau – existem quatro – até levar a úlceras varicosas. Contra elas não existe prevenção absoluta, mas há algumas medidas para retardar o aparecimento delas. A meia elástica é, de longe, a melhor opção.
Como muitos mitos e verdades rondam o tema, questionamos dois cirurgiões vasculares: Caio Focassio, do Hospital Samaritano, e Aldo Ferronato, do Hospital 9 de Julho. Veja as respostas
Alguns mitos rondam esse tema. Saiba o que é verdade e o que você realmente não precisa se preocupar:
1. Salto alto provoca varizes.
PARCIALMENTE VERDADE: O cirurgião vascular Caio Focassio explica que, se o uso for excessivo – todos os dias durante anos -, a pessoa poderá ter varizes por conta disso. O problema acontece porque há um encurtamento da musculatura da panturrilha, que é a região responsável por devolver o sangue para o coração. O cirurgião Aldo Ferronato recomenda o uso de um salto de dois centímetros. “Muito baixo também não é bom”, diz.
2. Só idosos ou pessoas mais velhas têm varizes.
MITO: Focassio explica que ela pode acontecer em qualquer idade, porém é mais comum que surja a partir dos 35 anos de idade.
3. Depilação causa varizes.
MITO: Não causa varizes, mas pode causar vasinhos nas pernas. “A depilação provoca o surgimento de vasinhos somente no primeiro ano. Depois disso, não mais”, explica Ferronato.
4. Vasinhos podem virar varizes.
MITO: Os vasinhos – chamados cientificamente de telangiectasias – são condições completamente diferente das varizes. “Os vasinhos são nos capilares superficiais, as varizes são nas veias”, esclarece Ferronato. “Às vezes, a pessoa tem varizes e vasinhos, mas um não tem nenhuma relação com o outro”, completa. Algumas pessoas relatam que sentem coceira onde têm os vasinhos. “De resto, a pessoa retira por estética”, explica o cirurgião do Hospital Samaritano.
5. Musculação em excesso provoca varizes.
VERDADE: “A musculação com pouca carga e bastante repetições ajuda no retorno venoso, logo é bom para evitar as varizes. Os exercícios com muita carga, no entanto, são ruins”, explica Focassia. Aldo Ferronato explica que exercícios abdominais em excesso também pioram o quadro de varizes. “Tem gente que exagera, faz mil abdominais por dia. A pessoa comprime o abdômen, que vai pressionar as veias que ficam atrás dele, junto com a coluna. Com o aumento dessa pressão, o sangue volta com alguma resistência e desce, quando deveria subir. É o que chamamos de refluxo, pois dificulta o retorno venoso”, alerta.
6. Gravidez provoca varizes.
VERDADE: É a gravidez a maior responsável pelas varizes. Um dos fatores que fazem com que as futuras mamães apresentem um “mapa geográfico” nas pernas é hormonal: “A progesterona aumenta a dilatação das veias, de todas as veias do organismo. Quem já tem predisposição a ter varizes, sofre ainda mais essa ação”, explica Ferronato. Outro fator é o hiperfluxo, quando aumenta o fluxo de sangue nas veias uterinas e ovarianas. “A pressão alta da artéria passa para a veia, que trabalha num regime de pressão bem maior que o habitual”, explica. Para minimizar o problema, a recomendação é o uso de meias de compressão a partir do segundo mês de gravidez. Elas ajudam no retorno venoso e diminuem a agressividade dos fatores que aumentam as varizes. O ideal é colocar pela manhã e tirar apenas na hora de dormir. “No começo da gravidez, pode-se usar meia ¾, até o joelho, e depois, quando o útero começar a aumentar – por volta do sexto ou sétimo mês – usar meia calça de gestante. Além de apertar as veias, ela levanta o útero”, recomenda Ferronato.
7. Exercícios aeróbicos ajudam a evitar varizes.
VERDADE: É o tipo de exercício mais indicado pelos especialistas. Nadar, correr, caminhar e pedalar, além de outros exercícios aeróbicos, são fundamentais para mexer o corpo e fugir do sedentarismo, o principal vilão para o surgimento das varizes. “Muitos falam que subir escadas dá varizes. Muito pelo contrário, é um exercício excelente para o retorno venoso”, explica Ferronato.
8. Pular corda ou fazer exercícios de impacto provocam varizes.
MITO: “Esses exercícios podem ser ruins para o joelho, quadril, articulações… mas não para as varizes”, explica Focassio.
9. Anticoncepcional piora as varizes.
VERDADE: “É um fator desencadeante, por ser hormonal”, explica Focassia. Além disso, o anticoncepcional aumenta a incidência de trombofeblite. “Quem já tem varizes e já tem predisposição a ter tromboflebite, a possibilidade aumenta muito com o uso do anticoncepcional”, explica Ferronato. O anticoncepcional também aumenta o número de vasinhos, por conta do estrogênio.
10. Varizes podem ser perigosas.
VERDADE: Dependendo do grau, elas podem até causar úlceras varicosas, diz o cirurgião vascular do Hospital Samaritano. O tratamento dos casos mais graves, quando há queixa do paciente, é cirúrgico. “O tratamento conservador não resolve, só ameniza os sintomas. Para resolver, tem que fazer a cirurgia”. As duas formas mais modernas e que permitem um bom resultado é a escleroterapia e a radiofreqüência. Na escleroterapia, uma substância química é injetada dentro da veia por meio de uma agulha, no intuito de secar a veia. Esse tratamento é usado para veias no calibre de até dois milímetros. Já a radiofreqüência consiste em inserir um catéter bem fino na veia, por meio de uma punção. Esse catéter emite uma energia eletromagnética superior aolaser, que, com o calor, consegue secar veias de um calibre maior. A técnica é minimamente invasiva e não costuma deixar cicatrizes.
Fonte: http://saude.ig.com.br