No dia 19 de agosto, a seleção brasileira poderá apresentar uma convocação com 46 jogadores. A novidade é fruto da aprovação, por parte da CBF, do plano de organizar amistosos para a equipe olímpica paralelos aos do time principal. A entidade está imbuída em conquistar a medalha de ouro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, e amenizar o fracasso da última Copa do Mundo, quando o Brasil foi goleado por 7 a 1 pela Alemanha na semifinal.
A seleção olímpica será treinada por Gallo, que arquitetou o novo planejamento ao lado de Dunga e do diretor de seleções Gilmar Rinaldi. A ideia é que essas partidas da equipe sub-23 sejam todas disputadas no Brasil. São vários objetivos: aproveitar os estádios construídos para a Copa do Mundo que têm pouca assiduidade, casos de Cuiabá, Brasília e Manaus, por exemplo. Além disso, criar uma relação estreita entre os jovens convocados e o torcedor do país, e, principalmente, entrosar e dar um padrão ao time que vai jogar pelo ouro inédito.
A ideia da CBF é implementar essa “superconvocação” já nesses próximos amistosos. Enquanto a seleção principal, com Dunga no banco, enfrentar Colômbia e Equador, nos dias 5 e 9 de setembro, nos Estados Unidos, o time mais novo receberia dois adversários sul-americanos, ainda indefinidos, em território nacional.
Rinaldi acha difícil viabilizar rivais para daqui a um mês. Se isso não for possível, os jogos paralelos começariam a acontecer em outubro. Gallo está mais otimista e espera dar o pontapé inicial pela medalha de ouro no início de setembro.
– Serão duas convocações e faremos dois jogos. Os atletas vão se acostumar e queremos usar essas arenas que foram utilizadas na Copa. Para essa primeira convocação devem ser dois adversários sul-americanos – indicou o treinador.
Ainda que tudo saia conforme planejado, é certo que a CBF terá problemas com os clubes. Ao contrário das principais ligas pelo mundo, o Campeonato Brasileiro não para nas datas Fifa, reservadas pela entidade para que as seleções nacionais. Há anos, convocações no segundo semestre são extremamente contestadas por comissões técnicas e dirigentes, que se sentem prejudicados por perderem os melhores jogadores em momentos decisivos.
Agora, além de sofrerem desfalques para a seleção principal, a olímpica também deverá tirar atletas dos times. Segundo Gilmar Rinaldi, haverá conversas para alinharem-se aos clubes.
Ideia da CBF é que a seleção olímpica jogue contra dois rivais da América do Sul no início de setembro, em estádios que foram utilizados na última Copa do Mundo
– Não queremos prejudicar ninguém, não vai haver nenhum problema desse tipo conosco. Vamos buscar o melhor entendimento – disse o diretor, que não citou nenhum limite de jogadores por equipe para cada convocação.
Diante de possíveis reclamações dos europeus, que também cederão jogadores às duas seleções, a CBF pretende rebater com o argumento da data Fifa, que impõe prioridade às equipes nacionais. Gallo espera encontrar respaldo nos clubes. Enquanto prepara o time sub-20 para o Torneio de Cotif, em Valencia, na Espanha, ele faz planos para os próximos meses e até 2015, quando pretende usar as cinco datas da Fifa para fazer 10 jogos com os olímpicos.
– Vamos ter a chance de disputar 10 jogos com esses atletas. Eles não ficarão soltos, nós saberemos o que eles estão fazendo. Vamos trazer esses jogos para o Brasil e fidelizar essa equipe com o torcedor.
Ao longo do tempo, Dunga e Gallo provavelmente terão de chegar a acordos sobre a utilização de determinados atletas. Nas Olimpíadas, é permitida a inscrição de três jogadores com mais de 23 anos. A comissão técnica já declarou que Neymar será um deles. Neste primeiro momento, ele jogará na principal. Em algum determinado momento, a prioridade deverá mudar.
Fonte: G1