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Campeão do UFC recorre aos índios para inspiração

MATO GROSSO (BDCi) — O campeão do UFC, Anderson Silva, foi até a tribo indígena camaiurá, que fica as margens do Rio Xingu, no Mato Grosso para aprender uma luta chamada huka huka, a qual é muito importante para a tribo.

Todo integrante da tribo começa a aprender logo após completar 14 anos. Alguns índios chegam a ficar anos confinados passando pelo ritual, que se resume em ficar preso em uma oca pensando na filosofia da luta. O índio só pode sair para lutar e é liberado do confinamento quando vence uma das lutas.

Anderson foi buscar ensinamentos e novos golpes que poderiam ser aplicados em combate no octógono.“É outra arte que vou conhecer, quero saber como eles conduzem a filosofia desse esporte”, disse ele.

O lutador foi recebido pelo campeão da tribo, um jovem chamado Webe, que carrega amarrado na cintura um cordão que tem pendurado a carcaça de um pássaro xexéu, preto e amarelo, com as asas abertas. É uma espécie de cinturão do huka-huka, só usam os lutadores campeões difíceis de derrubar. “Se eu perco um duelo, meu adversário pode arrancar esse cinturão de mim, jogar no chão e pisar em cima do pássaro. É como se eu não tivesse o direito de usar aquilo”, explica Were.

Webe descreveu os detalhes da luta, que começa com os dois lutadores ajoelhados, segurando na nuca ou nos braços um do outro. Para vencer é preciso derrubar o adversário de costas, de peito ou agarrar a parte de trás da coxa.

Mas antes de começar a batalha faz parte do ritual preparar e pintar o lutador. Dois índios estamparam bolas pretas e vermelhas em todo tórax do Anderson Silva. “É a pintura da onça, todo lutador tem que ter”, explica um deles. Em seus joelhos foi amarrados grossos panos, já que no huka-huka essa parte do corpo quase sempre está em contato com o solo. Na cintura vai uma tira de pele de onça e no pescoço, um colar de placas de caramujos (pedaços lixados do casco), outro adereço exclusivo de guerreiro.

A lutou começou e em apenas 15 segundos Anderson foi derrubado. Mas a luta não tinha acabado, só trocou-se de adversário, um novo índio se posicionou e pronto outra derrota rápida. Quando o terceiro índio entrou na arena para a luta Anderson Silva não se conteve e disse “Espera aí! Já apanhei demais! Agora vamos lutar na minha regra”. “E como é?”, pergunta um deles. “É um pouco mais violenta que a de vocês. Quando o oponente está no chão nós podemos continuar batendo. Ou podemos imobilizar também”, respondeu. Não perdeu nenhuma das lutas seguintes, e utilizou apenas tecnícas de imobilizacão. Acabou que Anderson Silva terminou o dia aprendendo a filosofia da luta e contribuindo com seus conhecimentos de lutas marciais, que inclui jiu-jítsu, tae kwon do, boxe, wing chun e boxe tailandês.

Por: Juliana Povoação Editada por: Janete Weinstein Fonte: Trip Magazine

Foto: Trip Magazine

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