Teve de tudo no reencontro da seleção brasileira com sua torcida: em 17 minutos, o público saiu das vaias aos aplausos e gritos de “olé”. Uma volubilidade agravada pela plateia teatral que viu a vitória por 2 a 0 sobre o México, cantou músicas do Palmeiras, dono do estádio, vaiou no anúncio da escalação o corintiano Elias e o meia Fred, confundido com o xará do Fluminense, mas que terminou em festa com a nona vitória em nove jogos após a Copa do Mundo.
Triunfo que seguiu o ritmo dessa nova fase da Seleção sob o comando de Dunga: o da segurança. Em nenhum momento a vitória esteve ameaçada. Poucas vezes isso aconteceu desde os 10 x 1 sofridos para Alemanha e Holanda. A ausência de Neymar, craque, artilheiro e capitão brasileiro, tirou o brilho, o encanto, mas não a solidez e a organização da equipe.
O Brasil demorou a entrar nos eixos. Pela primeira vez, Dunga reativou o 4-2-3-1, esquema que marcou sua primeira passagem pela Seleção. Fernandinho e Elias foram os volantes. À frente, Fred e Willian abertos, trocando de posição com certa frequência, e Philippe Coutinho no meio. Todos tentando construir as jogadas para Diego Tardelli.
No início, ameaça só nas cobranças de escanteio de Coutinho. O meia que luta pela vaga de Oscar na Copa América, entendeu que era sua grande oportunidade e foi o responsável maior por transformar as vaias em aplausos. Um minuto depois que o estádio se irritou com a Seleção e passou a entoar gritos do Palmeiras, o meia do Liverpool recebeu de Filipe Luís, passou por Ayala como se ele fosse uma criança, e bateu sem ângulo, mas para o fundo do gol.
A segurança defensiva de uma equipe que levou apenas dois gols em nove partidas predominou sobre a habilidade de Corona, mexicano que mais persistiu em bagunçar a zaga brasileira. Miranda e David Luiz, com a faixa de capitão, já que Neymar ainda não chegou, mostraram porque fica difícil para Thiago Silva reivindicar uma vaga entre os titulares.
Com a partida já sob controle, Filipe Luís, Willian, aplaudidíssimo, e Elias triangularam pela esquerda e o volante do Timão deixou Tardelli com o gol aberto: 2 a 0. O primeiro jogo e o primeiro gol de um jogador do futebol chinês na história da seleção brasileira.
A partir do intervalo, Dunga começou a observar. Danilo, que havia levado uma chegada firme, saiu para a estreia de Fabinho. Também entraram Firmino, Everton Ribeiro, Douglas Costa, Casemiro, Felipe Anderson… O México, absolutamente inofensivo em relação à equipe que por tanto perigo já causou ao Brasil, parece nem ter se esforçado para diminuir a vantagem.
Nada chamou tanto a atenção no segundo tempo quanto a entrada desleal do veterano Rafa Márquez (36 anos) sobre Willian. A torcida até xingou o zagueiro mexicano, xará de Rafael Marques, atacante do Verdão. Dessa vez, eles sabiam bem quem estavam “homenageando”.
Os minutos finais se arrastaram com gritos de muitos dos 34.659 torcedores para a bela gandula que corria atrás do gol de Jefferson. Bom público e renda de R$ 6.737.030. A Seleção agora vai a Porto Alegre para o amistoso contra Honduras, na quarta-feira, e segue rumo ao Chile. A estreia na Copa América será no domingo, contra o Peru. A meta? Continuar a trilhar um caminho apenas de vitórias para tentar esquecer a Copa do Mundo que parece ser inesquecível.
Fonte: G1