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Após reeleição de Dilma, dólar sobe a R$ 2,53 e Bolsa cai mais de 4%

Do Globo

SÃO PAULO – Como esperado pela maior parte dos analistas do mercado, o dólar segue em alta e a Bolsa de Valores tem forte queda nesta manhã, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Logo após a abertura, o dólar disparou mais de 4% chegando ao patamar de R$ 2,56 e voltando às máximas desde 2008. Na Bolsa de Valores de São Paulo, o índice Bovespa (ibovespa), principal indicador do mercado acionário brasileiro, abriu em queda e às 12h se desvalorizava 4,66% aos 49.518 pontos. As ações da Petrobras se desvalorizam mais de 11%, mas abriram o pregão com baixa de 14%.

No mesmo horário, a moeda americana subia 2,96%, a R$ 2,532 na venda, no câmbio comercial. Na máxima, chegou a subir 4,21%, a R$ 2,5605, maior nível intradia desde 5 de dezembro de 2008, quando atingiu R$ 2,6190. No câmbio turismo, utilizado pelos brasileiros que viajam ao exterior, a moeda sobe 3,39% e é negociada a R$ 2,74 na venda.

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Na sexta-feira, a divisa havia caído 2,26% em meio a rumores de que o desempenho de Aécio nas urnas seria melhor.

– Embora o mercado opere num tom pessimista hoje, os preços das ações já estavam bastante descontados. Por isso, não se vê uma queda exagerada. Além disso, nas últimas semanas, o mercado torcia por uma vitória de Aécio, mas já começava a colocar os pés no chão de que Dilma tinha grande chance de vencer – observa Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.

Na mínima do dia, o Ibovespa chegou aos 48.722 pontos, um recuo de 6,1% em relação ao fechamento de sexta-feira.

Embora o discurso da presidente reeleita tenha sido mais conciliador, apontando para mudanças em relação ao primeiro mandato, os investidores devem manter o tom pessimista até que Dilma Rousseff indique mudanças na condução econômica, especialmente na política fiscal, que vem sendo criticada por ser pouco transparente e muito frouxa. O nome do novo ministro da Fazenda também é aguardado com expectativa.

– A equipe econômica, e especialmente o nome do novo ministro da Fazenda, é a grande interrogação que está nas mesas de operação agora – diz Monteiro.

IBOVESPA AINDA PODE RECUAR MAIS

Analistas acreditam que o Ibovespa pode recuar aos 45 mil pontos, nos próximos dias, retornando a um patamar de equilíbrio de 50 mil pontos se as mudanças anunciadas resgatarem a confiança do mercado. Para o dólar, a aposta é que a moeda americana pode atingir o patamar de R$ 2,60, nível atingido em 2005, nos próximos dias. Mas se escolhida uma equipe econômica com “viés pró-mercado”, o dólar pode voltar à faixa de R$ 2,45/R$2,50.

“A partir de agora, importam para os movimentos de mercado as sinalizações de mudança”, diz relatório da Guide Investimentos, assinado pelo economista-chefe, Guilherme da Nóbrega, que resume a opinião da maioria dos analistas.

Nas semanas que antecederam o segundo turno das eleições, os mercados financeiros no Brasil viveram uma verdadeira montanha russa, com alta volatilidade e oscilando conforme os rumores e a divulgação das pesquisas de intenção de voto. O dólar chegou a bater em R$ 2,50, na semana passada, e as ações de empresas estatais foram as que mais se desvalorizaram. Operadores e analistas vinham mostrando insatisfação com as diretrizes econômicas do governo federal, avaliando que a reeleição de Dilma daria continuidade ao crescimento baixo, inflação elevada e intervenção relevante nas estatais.

— Se Dilma optar por um caminho diferente, pode conseguir acalmar os investidores. Caso insista em nomes que não são bem aceitos pelo mercado, teremos mais quatro anos extremamente ruins na economia. No primeiro momento, o mercado não irá dar o benefício da dúvida a ela — disse o gestor de um fundo no Rio de Janeiro, pedindo para não ser identificado.

Para o analista Marcelo Alves Varejão, da corretora Socopa, um dos temas mais preocupantes é a política fiscal. A primeira oportunidade para o governo se posicionar em relação ao assunto ocorrerá já nesta semana, quando serão conhecidos os números sobre arrecadação e contas da União para o mês de setembro. A política fiscal é um item importante porque bate diretamente na avaliação do grau de investimento do país pelas agências de classificação de risco.

“Enquanto o mercado não conhece a postura do governo em relação a temas importantes da economia para os próximos quatro anos, a reação é de baixa do mercado”, observa Varejão em relatório.

AÇÕES DA PETROBRAS EM FORTE QUEDA

Os papéis da Petrobras abriram os negócios com baixa de 14% refletindo a reeleição de Dilma. Por volta de 12h, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) recuavam 11,84% a R$ 14,39, enquanto as ações ordinárias (ON, com direito a voto) perdiam 11,33% a R$ 13,91. Os papéis ordinários do Banco Brasil abriram com queda de 12% e, no mesmo horário, perdiam 7,14% a R$ 23,97 e as ações ordinárias da Eletrobras perdem 12% a R$ 5,35, depois de abrirem com quase 14% de baixa.

Em Nova York, os recibos de ações (ADRs) da Petrobras recuavam mais de 16% na pré-abertura do pregão em Wall Street, a US$ 12,93. Na abertura dos mercados americanos, que estão em baixa, os ADRs da Petrobras estavam sendo negociados a US$ 11,09, com recuo de 14,08%.

No caso específico de Petrobras, o UBS colocou a recomendação de “compra” e o preço-alvo de R$ 20 em revisão, citando incertezas relacionadas aos preços do petróleo e à taxa de câmbio, enquanto não espera mudanças ousadas na gestão da companhia após a eleição.

“Nós queremos saber como a estratégia da Petrobras para aumentar a lucratividade e cortar alavancagem pode mudar após as eleições”, disse o banco em nota.

Entre as ações mais negociadas, os papéis preferenciais da mineradora Vale perdem 4% a R$ 22,7, enquanto as ações preferenciais do Itaú caem 4,31% a R$ 31,76 e as PN do Bradesco recuam 5,58% a R$ 31,77.

Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, vendendo 4 mil swaps cambiais com vencimentos em 1º de junho e 1º de setembro de 2015. A operação ocorreu entre 9h30 e 9h40 e o volume negociado foi de US$ 197,2 milhões.

O BC também fará nesta sessão mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em 3 de novembro, que equivalem a US$ 8,84 bilhões, com oferta de até 8 mil contratos. Até agora, a autoridade monetária já rolou cerca de 80% do lote total.

http://oglobo.globo.com/economia/negocios/apos-reeleicao-de-dilma-dolar-sobe-r-253-bolsa-cai-mais-de-4-14372103#ixzz3HME9Nhkz

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