Trampolins instalados em ginásios dos EUA têm provocado acidentes graves envolvendo jovens. Os principais problemas são ossos quebrados, hemorragia cerebral e paralisia, e a maioria dos acidentados são homens de 19 anos, em média. Isso tem levantado uma preocupação com a segurança, o uso e a regulação desses aparelhos em estados como Califórnia e Utah.
Para muitos médicos, apesar dos benefícios do lazer e da atividade física, os trampolins oferecem mais riscos que diversão, pois podem levar à perda de mobilidade e até à morte por um pescoço quebrado.
Vários espaços nos EUA têm reunido trampolins que permitem saltar em várias direções e fazer movimentos de ginástica – alguns têm blocos de espuma para amortecer a queda. E essa indústria vem crescendo rapidamente, com cerca de 160 instalações em todo o mundo, segundo o órgão de normalização ASTM International. Além disso, muitas festas de aniversário e acampamentos de verão estão incluindo esses equipamentos.
Na opinião de funcionários de ginásios, ferimentos graves são raros, e os temores sobre a segurança dos trampolins, exageradas. Segundo eles, esportes como futebol e beisebol apresentam taxas maiores de lesões.
Mas, por razões de segurança, há lugares que colocam “salva-vidas” ao redor dos aparelhos, para impor certas regras. Muitas vezes, os usuários também precisam assinar um termo de compromisso antes de subir no equipamento.
De acordo com médicos que atuam em Utah, essas medidas não são suficientes, motivo pelo qual eles pedem que o conselho de saúde local tome alguma atitude.
Crianças e adolescentes treinam em ginásio de
Orem, no estado de Utah (Foto: Rick Bowmer/AP)
As propostas do estado de Utah são baseadas em uma proposta que ainda aguarda votação na Califórnia, para criar um programa de inspeção em ginásios semelhante ao feito em parques de diversão, com exigências de segurança, treinamento de funcionários e relatório de lesões.
O projeto foi proposto por uma mulher da cidade de Coronado, na Califórnia, cujo filho de 30 anos morreu dias depois de quebrar o pescoço em um trampolim instalado em um ginásio no estado do Arizona, em 2012.
Paralisado do pescoço para baixo
O americano Stephen Merrill, de 22 anos, estava terminando o primeiro ano de faculdade, há dois anos, quando ele e um grupo de amigos foram a um local com trampolins na cidade de Provo, no interior de Utah, para saltar e fazer manobras aéreas.
Em certo momento, Merrill pulou de uma plataforma em um poço cheio de blocos de espuma, mas caiu de cabeça. Acabou quebrando uma vértebra no pescoço e ficando paralisado dali para baixo.
“É uma lesão devastadora. Não me parece que as coisas estejam devidamente regulamentadas, já que algo assim é possível”, diz o jovem.
Médico Craig Cook mostra raio-X com fratura
de pescoço em ginásio (Foto: Rick Bowmer/AP)
Segundo a equipe que atende traumas no Centro Médico Regional do Vale do Utah, foram registradas no local 52 lesões por saltos em ginásios entre maio de 2011 e novembro de 2012, o que tem exigido múltiplas consultas médicas.
“Essas lesões parecem de guerra ou de colisão de automóvel”, diz o diretor da área de trauma do hospital, Craig Cook.
“Temos a obrigação de informar o público sobre os riscos de segurança, especialmente quando é um local aberto ao público em geral”, acrescenta Joseph Miner, diretor-executivo do Departamento de Saúde de Utah.
Vídeo de segurança
Aaron Cobabe, proprietário de um ginásio de saltos na cidade de Orem, em Utah, diz que, além de exigir que os participantes assinem um documento antes de usar os trampolins, eles devem assistir a um vídeo com orientações de segurança para pular corretamente.
“Tentamos fazer com que as pessoas entendam o que é essa atividade é quais riscos ela oferece, assim como qualquer outra opção de lazer”, diz.
O ginásio dele, chamado Obter Air Hang Time, recebeu mais de 150 mil visitantes entre julho de 2012 e julho de 2013. Nesse período, foram registrados 11 casos de ferimentos graves que exigiram atendimento médico.
“A grande maioria das pessoas que entram nas nossas instalações aprecia a atividade e sai daqui sem nenhum ferimento”, afirma.
À esq., tíbia e fíbula quebradas após salto em trampolim. à esq., outra imagem de raio-X (Foto: Utah Valley Regional Medical Center/Rick Bowmer/AP)
Radiografia revela várias placas e parafusos que foram necessários para corrigir uma fratura no tornozelo causada por salto em trampolim de ginásio (Foto: Utah Valley Regional Medical Center/AP)
Hunter Gottfredson (esq.) e Jacob Terrell saltam em ginásio da cidade de Orem, Utah (Foto: Rick Bowmer/AP)
FONTE: G1 (http://g1.globo.com/bemestar/)