Quem costuma chorar à toa geralmente parece ser uma pessoa mais triste, mas de acordo com o psiquiatra Daniel Barros, isso não é necessariamente um sinal de depressão, até porque o choro pode ser também de alegria. O médico alerta, no entanto, que não sorrir e não achar graça em nada, por outro lado, pode ser um indício da doença, ainda mais se houver sintomas associados, como a vontade de ficar em casa e não se cuidar, por exemplo.
Esse sintoma da depressão dificulta até mesmo a vida em sociedade – segundo o neurologista Tarso Adoni, a pessoa engraçada, que faz a outra rir, pode ter mais facilidade em socializar. A mulher, por exemplo, prefere homens engraçados, que a façam rir, porque isso demonstra que ele é mais sociável e também, inconscientemente, que ele vai passar essa característica para os filhos, que também serão mais aceitos pela sociedade.
Ainda sobre as mulheres, os médicos explicaram por que elas costumam chorar à toa durante a TPM. Isso acontece por causa da brusca mudança de hormônios e de substâncias no cérebro nesse período, como explicou o neurologista Tarso Adoni.
Mas não são só elas que choram por tudo – o entregador de gás Fernando Alves da Costa Filho, de Sorocaba, no interior de São Paulo, escreveu para o Bem Estar dizendo que chora com facilidade, por causa de um simples filme, uma música ou até um comercial de televisão. Preocupado com isso, ele mandou uma dúvida aos médicos, querendo saber se existe alguma maneira de diminuir as lágrimas.
A dica do neurologista Tarso Adoni para pessoas como o Fernando é usar certas atividades para controlar essas emoções – aprender a cantar, a pintar ou escrever poesias, por exemplo, é uma maneira de canalizar o sentimento para conseguir se controlar em público. O psiquiatra Daniel Barros voltou a lembrar que o fato de chorar demais não necessariamente significa que o Fernando tenha algum problema ou doença e pode ser simplesmente por que ele é um rapaz emotivo. No entanto, é importante prestar atenção se, além do choro, existem outros sintomas, como por exemplo, a falta de vontade de sair de casa, que pode sinalizar um começo de depressão.
Os médicos explicaram ainda que os sentimentos podem também contagiar – ao ver uma pessoa com a cara fechada, naturalmente a outra reage como um espelho e também fecha a cara, como explicou o neurologista Tarso Adoni. O choro e a emoção também podem ser contagiantes, principalmente em situações como um casamento, por exemplo.
A repórter Daiana Garbin foi até o casamento da Simone e do Renato, em São Paulo, para mostrar a reação da família e amigos ao longo da cerimônia – alguns choraram de emoção, outros de alegria e teve também aqueles que choraram de orgulho.
Segundo o neurologista Tarso Adoni, o sentimento é vivido de maneira única e individual. Na maioria das vezes, a expressão facial corresponde ao que a pessoa está sentindo, mas pode ocorrer uma espécie de curto circuito no cérebro, dissociando ambos. Isso explica por que algumas pessoas riem quando estão nervosas ou choram quando estão felizes, por exemplo, como no caso do casamento.
A felicidade, aliás, é outro sentimento que também pode contagiar. No entanto, o senso de humor é uma característica que depende da cultura, educação, convivência familiar e amizades de cada pessoa – isso explica por que um grupo pode achar uma piada engraçada e outro não.
O psiquiatra Daniel Barros explicou ainda que é possível identificar um sorriso verdadeiro e um falso – no verdadeiro, dá para perceber que a pessoa transmite mais alegria, principalmente pelos olhos. Isso foi percebido em um estudo sobre o sorriso feito no século XIX, pelo francês Guillaume Duchenne de Boulogne – com leves choques elétricos, ele estimulou diversos músculos do rosto de algumas pessoas e descobriu que, quando ativava apenas a musculatura dos lábios, elas não transmitiam felicidade.
Porém, quando os músculos dos olhos foram estimulados, a expressão indicava sinal de felicidade.
Desde então, o sorriso espontâneo, quando a pessoa sorri com a boca e enruga os olhos, ficou conhecido como o “sorriso de Duchenne”, como explicou o médico.
Fonte: G1