SÃO PAULO — Os trabalhadores dos Correios de 18 Estados, quatro regiões e do Distrito Federal decidiram acompanhar os colegas de Minas Gerais e do Pará e iniciam greve a partir desta quarta-feira (18).
Votaram pela greve os trabalhadores de 18 Estados –Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins–, do Distrito Federal, e de quatro regiões do Estado de São Paulo (Bauru, Campinas, São José do Rio Preto e Vale do Paraíba).
Nos próximos dias, novas assembleias acontecerão nos Estados da Bahia, Acre, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Maranhão e em cinco regionais (Juiz de Fora, Ribeirão Preto, Santa Maria, Santos e Uberaba).
Cerca de 17 mil já pararam suas atividades em Minas Gerais e no Pará desde a segunda passada (10), segundo o sindicato da categoria, o Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares).
REIVINDICAÇÕES
A categoria pede reajuste de 43,7% –soma das perdas salarias desde o Plano Real e da inflação do período mais aumento real– e aumento linear de R$ 200, ticket alimentação de R$ 35 por dia, a contratação imediata de 30 mil trabalhadores e o fim das terceirizações, além de garantias de melhores condições de trabalho.
As negociações começaram há mais de um mês, e, inicialmente, os Correios ofereceram 3% de reajuste. A proposta foi rejeitada por unanimidade nas assembleias realizadas pela categoria em todo o país, e, na semana passada, a empresa voltou a fazer nova proposta, desta vez de 5,2% de ajuste –equivalente à inflação dos últimos 12 meses.
Os Correios afirmam que o reajuste de 5,2% elevaria o salário-base inicial para R$ 991,77. “Se somado o adicional de atividade que os carteiros recebem, o vencimento subiria para R$ 1.289,30. Este cargo é de nível médio”, informaram, em nota.A segunda proposta também rejeitada nas assembleias já realizadas.
BRIGA NA JUSTIÇA
Os Correios ajuizaram na quinta (13) dissídio coletivo de greve no TST (Tribunal Superior do Trabalho) para encerrar a greve em Minas e no Pará, o mesmo recurso utilizado para suspender a greve de 28 dias do ano passado. Em 2011, o TST decidiu pelo reajuste de cerca de 6% mais R$ 80 linear.
Nesse ano, no entanto, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) negou o pedido da estatal, na sexta (14). Correios e sindicato realizam hoje a primeira audiência de conciliação às 10h30.
Na ação deste ano, a empresa disse que se esgotaram as possibilidades das partes chegarem a um consenso e pediu que fosse declarada a ilegalidade das greves em Minas Gerais e no Pará por não ter sido informada da paralisação com 72 horas de antecedência, conforme exige a Lei de Greve.
Para a companhia, o movimento grevista é abusivo porque os Correios prestam serviços essenciais à sociedade, e sua eventual interrupção, ainda que parcial, causa sérios problemas à população.
Os Correios pediram a suspensão da paralisação até o julgamento final do dissídio ou que o sindicato seja obrigado a manter pelo menos 80% do contingente em cada uma das unidades operacionais da empresa.
FALTA DE INFORMAÇÃO
A vice-presidente do TST, Cristina Peduzzi, disse em sua decisão faltar informações para julgar o pedido. “Considero prematuro apreciar o pedido liminar, uma vez que não foi demonstrado pelo suscitante o estado geral da greve.”
Para Peduzzi, não existem nos autos informações sobre a situação da greve –como taxa de adesão e prejuízos graves e concretos às atividades da empresa. “A simples notícia genérica de deflagração parcial e limitada de greve não autoriza, ao menos no momento, a apreciação da liminar.”
Mas a ministra alertou na decisão que o pedido pode voltar a ser apreciado a qualquer momento, facultou às partes a apresentação de documentos que esclareçam a situação atual da paralisação e manteve a audiência de conciliação e instrução de hoje.
Fonte Folha de Sao Paulo
19 de setembro de 2012 11:27 a.m. PST