Veja a repercussão da decisão do Copom de manter a taxa
BRASÍLIA (BDCi) — Depois de dez cortes consecutivos na taxa básica de juros da economia brasileira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (28) – em sua última reunião de 2012 – manter a Selic em 7,25% ao ano, na mínima histórica. A decisão foi unânime.
A manutenção dos juros confirmou a aposta maciça dos economistas dos bancos. A percepção do mercado de que os juros seriam mantidos neste mês se deve a uma indicação do próprio BC. Na ata do último encontro do Copom, em outubro, o BC informou que a redução de juros realizada naquele mês deveria ser o “última” do ciclo. Informou ainda que os juros deveriam permanecer estáveis por um período “suficientemente prolongado” de tempo.
A previsão dos analistas é que a taxa básica continuará estável no atual patamar de 7,25% ao ano, pelo menos, até o final de 2013. A aposta dos economistas dos bancos é que os juros serão novamente alterados somente em janeiro de 2014 – quando avançariam para 7,75% ao ano.
Explicação
Ao fim do encontro, o BC divulgou a seguinte frase: “O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 7,25% a.a., sem viés. Considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear”.
Sistema de metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ao subir os juros, o BC atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está compatível com a meta.
Para 2012, 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Neste momento, o BC já está fixando a taxa básica de juros com base no cenário inflacionário esperado para o próximo ano. Isso porque movimentos nos juros básicos demoram cerca de seis meses para terem impacto pleno na economia.
Mesmo com o fim do ciclo de corte de juros nesta semana, o mercado financeiro não acredita que o Banco Central conseguirá atingir a meta central de inflação em 2013. A previsão da maior parte dos economistas dos bancos é de que o IPCA deverá somar 5,4% no próximo ano, bem acima da meta central de 4,5%, mas dentro do intervalo de tolerância de dois pontos percentuais.
O economista-chefe da Mauá Investimentos, Rodrigo Melo, lembra que o BC está trabalhando com inflação próxima de 5% para 2013, conforme informação do último relatório de inflação, com um “balanço de riscos favorável” por conta da crise financeira internacional – que tende a gerar um crescimento mundial menor, o que contribui para menos pressões inflacionárias.
Rendimento da poupança
A manutenção dos juros básicos por parte do Banco Central impede nova queda na rentabilidade da caderneta de poupança. Pelas regras definidas pelo governo neste ano, a poupança passou a ser atrelada aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação, mais a Taxa Referencial, quando a taxa básica estiver abaixo de 8,5% ao ano.
Com juros em 7,25% ao ano, a poupança continuará sendo remunerada em 5,07% ao ano mais TR. Antes da mudança das regras, a poupança rendia, pelo menos, 6,17% ao ano, mais TR. Na poupança, porém, não é cobrada taxa de administração e nem Imposto de Renda (IR) – ao contrário dos investimentos em fundos. Os recursos podem ser sacados a qualquer momento.
“Para aplicações menores que seis meses, a poupança é a melhor opção devido à isenção de IR. Para prazos maiores de seis meses, títulos do tesouro indexados a Selic (LFT) ou ao IPCA (NTN-B) são interessantes. Outra dica é investir em bancos renomados que oferecem mais que 95% do CDI”, avaliou o professor da Escola de Economia da FGV-SP, Samy Dana.
Juros reais abaixo de 2% ao ano
Com a taxa básica em 7,25% ao ano, o Brasil passou a ter juros reais (após o abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses) de 1,8% ao ano, segundo levantamento dos economistas Jason Vieira e Thiago Davino.
Com isso, a taxa real de juros brasileira ficou abaixo da meta da presidente Dilma Rousseff (2% ao ano), patamar que também é mais próximo da média internacional. A taxa real de juros de 40 países pesquisados pelos economistas está negativa em 0,5% ao ano.
Fonte: g1.globo.com Foto: bahiamercantil.com.br
Data: 28 de novembro de 2012, 5h10 p.m. PST